Page 85 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    tomou conta de transportar a rês, já abatida até à sede.
                         Aqueles homens valentes do campo, cheios de gar-
                    bo e sentindo missão cumprida, gabavam-se de suas bra-
                    vuras por quebrar o mito de que ninguém conseguiria pe-
                    gar aquela novilha arisca na mata intrincada, onde ela
                    vivia isolada.
                         O churrasco tão esperado ficou para o dia seguinte,
                    por causa da avançada hora para realizar aquela tarefa.
                    Elói foi eleito vencedor e Rotilo ganhou o segundo lugar,
                    sem direito de reclamar.
                         Depois do grande churrasco, eu e Zezinho continu-
                    amos com nossas      aventuras extravagantes sem objeti-
                    vos de pré-adolescentes. Um dia, na tentativa de derrubar
                    uma vaca alvacenta, o meu cavalo caiu e a cabeça da sela
                    pegou o meu peito esquerdo, obrigando-me a procurar o
                    Dr. Pedro Santos para demorado e doloroso tratamento
                    em Montes Claros. Após aquele trauma, perdi o entusias-
                    mo do campo e fui para o Sul, onde encontrei um amon-
                    toado de estrangeiros com línguas e costumes diferentes.
                    Lá, desconhecido e só, comecei a minha vida estudantil e
                    profissional, esquecendo as minhas aventuras perigosas.
                         Voltei a Montes Claros, minha terra de origem, de-
                    pois de quase doze anos, já no fim da década de cinquen-
                    ta e encontrei uma realidade diversa daquelas das déca-
                    das de trinta e de quarenta, tempo em que o gado era a
                    fonte de riqueza e movimentava o norte do estado, dando
                    ao luxo da cidade de Montes Claros ter até luxuoso Cassi-
                    no, do brejeiro João Pena, na esquina das ruas Carlos Go-
                    mes e Visconde de Ouro Preto, que abrigava mulheres
                    bonitas do Norte de Minas e do Sul da Bahia para alegrar
                    aos afortunados fazendeiros do gado zebu.
                         Os rebanhos que encontrei eram mansos e manti-
                    dos com manejos intensivos e aprimorados. As largas de
                    matas fechadas de outrora se transformaram em inverna-
                    das com pastagens cuidadas com tratores e técnicas mo-
                    dernas. O transporte das reses passou para os caminhões

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