Page 82 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
raldinho. Eles eram vaqueiros famosos da região e sempre
solicitados para conduzir boiadas dos fazendeiros da re-
dondeza. Eu, já amigo deles, deixava a loja e os seguia
sem interesse de qualquer pagamento. Aquilo, para mim,
era uma diversão. Eles eram alegres, honestos e gostavam
da minha companhia.
Uma vez, conduzimos uma boiada do Sr. Antônio
Athayde, de sua fazenda Tamboril, distrito de São João
da Vereda para o embarque em Montes Claros. Pernoita-
mos na fazenda das Quebradas de Pedro Veloso e no dia
seguinte chegamos à cidade, onde tivemos um pequeno
descanso. Depois, embarcando o gado nos vagões da EFCB
com destino “pra cima”, era o que o encarregado nos in-
formava. Naturalmente, deveria ser para os grandes cen-
tros como Belo Horizonte, São Paulo ou Rio de Janeiro.
Missão cumprida com sucesso e muita satisfação, nós es-
távamos de volta ao povoado de Tamborilzinho. Lá, os
rapazes ficavam na expectativa de um novo chamado, e
eu voltava ao balcão da loja, mas, sempre em contato com
aquela inesquecível família alegre e amiga.
Tempos depois, eles foram solicitados para buscar
uma boiada de Tiel Mota, numa fazenda do Antônio Bran-
co no distrito de Barreiras, vizinho de Santa Rosa de Lima.
Eu, mais que depressa, deixei a loja e juntei-me aos “ma-
rocas”, e lá fomos. Chegando à fazenda com chuvas in-
termitentes, ficamos sabendo que teríamos de pegar os
novilhos bravios na mata fechada. Enquanto eles acha-
vam aquilo um trabalho penoso, eu estava ansioso para
participar daquela aventura. Lá, conhecemos o Elói, ra-
paz alto, moreno e já vaqueiro famoso, pronto para nos
ajudar naquela árdua tarefa.
No dia seguinte, começamos a caçada aos bois es-
quivos, que aos poucos foram encurralados. Num daque-
les dias, eu saí pela mata e encontrei um novilho que me
vendo embrenhou-se no mato. Parti no seu encalce e na
próxima clareira o derrubei. Eu o lacei e o amarrei numa
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