Page 65 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
ainda correm límpidas com suas linfas cristalinas, desafiando os
desordenados desmatamentos de suas cabeceiras e de suas mar-
gens; às chuvas que, às vezes, regam o sertão e, numa busca pelos
escaninhos da existência invisível das lendas regionais, à Iara, ao
Caboclo-d’água, ao Famaliá, à Mula-sem-cabeça, ao Romãozi-
nho, ao Lobisomem e ao Caipora. (BRAZ, 2011:7).
Esse sertão é uma composição entre a criação poéti-
ca e a pesquisa histórica, representando ainda uma dila-
ção espacial que se estende da ribeira do São Francisco
aos trâmites políticos e sociais de Minas Gerais do final do
século XIX. Nesse livro, leem-se os Gerais como o território
de uma tensão permanente, produto de uma luta entre o
pessoal e o coletivo, entre o progresso que chega e a sobre-
vivência dos ritos, crenças e sabedorias antigos.
Ao encerrar o seu livro, Petrônio Braz recorre ao fe-
cho requisitado por José de Alencar para dar termo à fá-
bula de formação do Ceará, Iracema – “E tudo passa so-
bre a terra.” Discordo, meu caro amigo Petrônio, como
Machado de Assis discordou de Alencar, ao fazer sua crí-
tica à obra Iracema. Discordo, porque passam os anos,
passam os governos e passam as modas, mas permane-
cem os grandes homens e os grandes livros.
Eis como compreendo esse Serrano de Pilão Arcado.
A saga de Antônio Dó.
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