Page 70 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
ma de garçons de casaca e de smoking... Prescindiram dos
préstimos de Dona Joaninha Teixeira – a grande mestra
na arte culinária – e o arroz de forno, o tutu de feijão, o
leitão assado, foram substituídos por pratos de nomes ar-
revesados, dos quais ninguém gosta, e que são obrigatóri-
os nos grandes regabofes...
Os inigualáveis doces de Dona Aninha Pinto e das
demais sucessoras da saudosa Dona Alda Queiroga, nem
de longe apareceram. A sobremesa constou de frutas ge-
ladas e de compotas encomendadas fora.
O baile foi um sucesso. Belas e ricas toilettes femini-
nas deram sugestivo aspecto ao vasto salão de danças. Os
modelos, com que se apresentaram as nossas patrícias,
eram francos atestados do bom-gosto que impera nas ro-
das femininas de Montes Claros. Mas, meu amigo, tenho
uma pequenina ressalva a fazer no tocante às toilettes
femininas. (Que me perdoem as minhas patrícias a indé-
bita intromissão em negócios de sua exclusiva jurisdição!)
Revoltou-me o fato de terem sido encomendados alguns
vestidos no Rio! A moda é caprichosa. Assim como algu-
mas espécies de flores necessitam de um clima especial
para que possam vicejar em toda a sua plenitude, certas
toilettes femininas requerem, também, um ambiente es-
pecial para que possam causar bom efeito. Por isso, meu
amigo, os modelos femininos confeccionados no Rio não
podem ser expatriados e, quando o são, apresentam sem-
pre um aspecto triste e sem graça, nunca se identificando
com as suas donas...
Devem, pois, as nossas patrícias dar sempre prefe-
rência aos vestidos saídos das mãos competentes de Dona
Secinda, de Dona Nazinha Maurício, de Dona Deolinda
Prates, de Dona Servilha, não só para prestigiar as coisas
da terra, como também porque, assistindo à confecção de
seus vestidos, elas lhes transmitem os seus atrativos e en-
cantos...
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