Page 72 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

              seria linda...”
                    O romance “O Amanuense Belmiro”, que alçou Cyro
              dos Anjos à imortalidade, contou com a decisiva colabora-
              ção/influência de Newton Prates. Na coluna diária que
              escrevia no Estado de Minas, sob pseudônimo “W” , Newton
              Prates critica uma das crônicas de Cyro dos Anjos, que trans-
              forma Belmiro em “dentista”, com “consultório na Serra”.
              Por ser ocupação muito prática, entendia Newton que esta
              não era a vocação de Belmiro, e exigiu do cronista maior
              respeito pelas tendências do seu personagem, advertindo-o
              de que Belmiro Borba já adquiria personalidade autônoma,
              independente, que não podia se submeter aos caprichos, às
              liberdades do seu criador.
                    Seguindo as sugestões de Newton, Cyro dos Anjos
              reconhece a autonomia de seu personagem, retira “a placa
              de dentista da porta de Belmiro” e o faz retornar aos “con-
              tratempos sentimentais” e “divagações poéticas”. Na épo-
              ca em que o livro começou a ser esboçado, Newton Prates
              afirma que influenciou outras alterações no romance, como
              o envelhecimento de Belmiro em dez anos e o transporte da
              ação romanesca do Rio de Janeiro para Belo Horizonte.
                    O personagem Belmiro, segundo revelou Cyro, é o
              resultado da mistura da personalidade de três grandes
              amigos: Newton, Monzeca e Ari Teodolino, além do próprio
              Cyro. Com efeito, na primeira edição do “Amanuense”, em
              espanhol, após candente dedicatória, num PS Cyro escre-
              veu: “Newton, procure sua parte no Belmiro.”
                    Amigos da vida inteira, afinadíssimos, compadres
              de fogueira desde a infância, a presença de Newton Pra-
              tes na vida e obra de Cyro sempre foi uma constante.
              No seu último livro, “A menina do sobrado”, praticamen-
              te escrito a quatro mãos e graças à incrível memória do
              amigo/irmão, o nome de Newton é citado 57 vezes! – con-
              forme teve o cuidado de contar o seu filho Felippe.
                    Felippe, nosso particular amigo, colaborou com mi-
              nhas pesquisas sobre o seu pai, fornecendo-me relatos in-

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