Page 69 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Montes Claros dispensou ao Ministro Sá e sua luzidia co-
mitiva, causou ótima impressão em toda a terra mineira.
A pompa excepcional de que se revestiram todos os feste-
jos, e, principalmente, o alto cunho de distinção que em
tudo se fez notar, deram à nossa terra foros de grande
cidade.
Perdida na vastidão ignota e erma do sertão sem fim,
Montes Claros nunca tivera ensejo de dar mostras de seu
grau de cultura e de seu progresso material. Sem nada
que lhe preparasse o espírito, a impressão do Ministro da
Viação foi excelente. Ali a cidade parecia-lhe Milagre do
Sertão; e aqui, longe do nosso povo e, portanto, sem o
menor intuito de lisonja, o ministro não hesitou em prog-
nosticar que Montes Claros, depois de servida por estrada
de ferro seria uma das principais do interior do Brasil...
Os moços componentes da comitiva ministerial foram mais
além. Encantou-lhes acima de tudo a graça sem par das
nossas patrícias. E, enchendo de cuidados e zelos a todos
nós, que temos a presunção de supor que aí alguém nos
espera, enquanto estamos longe em dura batalha, eles sa-
íram dizendo, em verso e música, que “Montes Claros lhes
ficará no coração”.
Somente uma pessoa não está satisfeita com as gran-
des festas montes-clarenses. Essa pessoa, meu caro, é este
seu velho amigo.
Agora quando das faladas festas só restam ecos,
quero desabafar a profunda mágoa que elas causaram aos
meus brios de cidadão eminentemente jacobino.
As festas de Montes Claros não foram montes-cla-
renses. Faltou-lhes a cor local, o sabor sertanejo. Realiza-
ram-se num ambiente puramente artificial.
Tudo foi de fora.
Para os serviços do decantado banquete das munici-
palidades, os dirigentes das festas levaram daqui o Sr. Fe-
lipe Roxo, do Hotel Avenida, acompanhado de uma tur-
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