Page 61 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
SERRANO DE PILÃO ARCADO: ESSE
SEGREDO CHAMADO GERAIS
Ivana Ferrante Rebello
Cadeira nº 56
Patrono: João Luiz Machado Lafetá
Na madrugada do dia 14 de novembro de 1929,
Antônio Dó foi assassinado. Com ele se perderia uma his-
tória essencial ao povo do sertão; história acontecida na
contramão dos fatos oficiais e cujos segredos, aparente-
mente, seriam por muitos anos resguardados pelo mugi-
do das vacas no curral, pelo sussurro do vento nos leques
dos buritizais e pela voz do matuto contador de “causos”.
Em 2009, chegou-me às mãos um exemplar do Serra-
no de Pilão Arcado, de Petrônio Braz – não consegui des-
vencilhar-me da leitura. Página por página eu via ali reali-
zado um projeto literário grandioso, nascido do fôlego de
pesquisador de seu autor e da inspiração que este herdara
do pai, de suas muitas leituras (as dos livros e as do mundo)
e daquelas ditadas pelo profundo amor a sua gente.
Sempre que me disponho a falar de Literatura, reto-
mo uma questão cada vez mais premente, nesses tempos
de palavras tão escassas quanto inférteis e de muitos pre-
núncios da morte da arte da escrita, como se nossa época
não suportasse mais o verbo trabalhado e uma letra ma-
nejada por mão de mestre.
O que faz, afinal, uma obra literária? Entre os moti-
vos, inúmeros, que poderia elencar, reporto ao poder de
transformação e de resistência que toda Literatura, a ri-
gor, deveria ter. Transformação porque o signo literário
revolta-se contra o óbvio e o repetido. De uma forma ou
outra, seja por meio da revolução da língua ou pela forma
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