Page 59 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
análogo no desmonte dos Morrinhos.
O pintor privilegiado, que soube interpretar a alma
das ruas, das casas coloniais e das igrejas centenárias de
Montes Claros do passado, em busca de novo clima, tro-
cou o ambiente provinciano de nossa comunidade pelo
brilho e pelo fausto espiritual que encontrará, por perto,
na Capital da formosa província de Minas. Lá, nas gale-
rias de arte, onde pontificam os grandes mestres da pin-
tura mineira, GG finalmente encontrará o seu habitat, o
lugar que sempre mereceu, para cultivar a vocação. O
baiano de Riacho de Santana desde criança sentiu o cha-
mado da Arte universal. Meninote ainda, meteu-se no
mundo das tintas e das notas musicais. Aprendeu a ma-
nejar o pincel sozinho, sem auxílio de terceiro. Ainda de
calça curtas, fez a decoração da sacristia da gruta de Bom
Jesus da Lapa. Chegando a necessidade de ganhar o pão
de cada dia, GG aprendeu prática de farmácia, com um
seu parente, médico baiano formado em Paris. Como os
livros de Química fossem todos escritos em francês, GG
não teve outro caminho senão que aprender, sem mes-
tre, o idioma de Balzac.
Sentindo-se solitário na Pintura, aprendeu a tocar e
dominou três instrumentos musicais: violão, saxofone e
clarineta. Já construiu, em seu atelier, dois instrumentos
de grande porte: uma marimba e um piano. Parece brin-
cadeira, mas o homem não sabe tocar piano. Construiu os
instrumentos na esperança de ter um pianista em casa.
Os garotos, no entanto, o decepcionaram. Gostam mesmo
é do violão.
Não negam, assim procedendo, sua origem da Boa
Terra.
Na célebre época da construção da Central rumo a
Monte Azul, GG dedicou-se à música das dez da noite às
cinco da manhã. Tocava tanto no fidalgo Clube Montes Cla-
ros como nos cabarés afamados da zona boêmia, dos quais o
romancista carioca Marques Rebello disse que ferviam como
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