Page 43 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                         Por tradição, a construção do Altar-mor é uma in-
                    cumbência geracional da Família Lopes que abria, inclusi-
                    ve, subscrições a outros colaboradores. Foi assim na velha
                    matriz do século XIX e na atual que aí está. No cristianis-
                    mo, desde o período medieval, buscar lugar junto aos al-
                    tares dos santos significava, além de prestígio, o aumento
                    da chance de ser apiedado por eles e de se tornar mais
                    leve no Juízo Final. Esta é a origem da construção de mui-
                    tos pequenos templos construídos nas cidades e em zonas
                    rurais mineiras e brasileiras.
                         A primitiva capela patrocinada pelo Alferes José
                    Lopes de Carvalho deu guarida aos sepultamentos tanto
                    em seu interior como em suas laterais. Havia até sepulta-
                    mentos no Largo da igreja, não se sabendo a razão da
                    escolha desse local, mas isso favorecia os citadinos. Res-
                    saltamos que os pequenos cemitérios particulares nas fa-
                    zendas também favoreciam os habitantes, pois nas zonas
                    mais distantes, pela dificuldade de transporte, esse costu-
                    me perdurou por mais de um século. Em Montes Claros, o
                    cemitério mais conhecido é o da Fazenda São Marcos, no
                    alto da Serra que outrora se chamou Serra da Bandeiri-
                    nha, na antiga estrada de Coração de Jesus (Inconfidên-
                    cia) a Montes Claros (PAULA, 1957).
                         Na igreja dos Morrinhos, há o túmulo de D. Germa-
                    na Maria Olinda, e nas criptas da catedral repousam os
                    restos mortais de alguns dos nossos bispos. Era um espaço
                    hierarquizado, que acontecia desde as pequenas capelas
                    até os templos monumentais edificados. No norte de Mi-
                    nas, há outros exemplos, dentre eles a igreja de Nossa Se-
                    nhora da Conceição em Matias Cardoso, que data do sé-
                    culo XVII, uma das duas igrejas mais antigas de Minas
                    Gerais, onde Januário Cardoso repousa no altar-mor. Em
                    Salinas temos outros exemplos, uma capela onde descan-
                    sa a lendária Adriana e, na Fazenda do Engenho, o túmu-
                    lo de um padre que construiu a capela. A cobiça por esses
                    espaços privilegiados pautava seus diferentes aspectos. Nas

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