Page 47 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    concessão. Foi um momento de discórdia, polêmicas e in-
                    satisfações. A Câmara reuniu-se novamente apenas com
                    os vereadores favoráveis à Mitra, fechando os olhos a qual-
                    quer argumento e deu ganho de causa à Igreja, apesar do
                    descontentamento geral, o que também não constitui no-
                    vidade se nos transpusermos para os dias atuais. Assim,
                    analisando os velhos alfarrábios montes-clarenses, cons-
                    tatamos que essa prática de alienação do patrimônio da
                    Igreja foi um recurso sempre utilizado, desde o início de
                    nossa paróquia em 1840.
                         Remonta ao período do Cônego Chaves uma requi-
                    sição pelo vereador e também vigário da freguesia, que
                    propôs, por intermédio do Governo, fosse pedida a auto-
                    rização à assembleia para que se vendesse o patrimônio
                    da igreja. Com o apurado na venda, seriam angariados
                    meios para o início das obras da matriz, já que essa pos-
                    suía ‘uma légua de boas terras que estavam sendo desfru-
                    tadas sem nenhum benefício para a matriz’:

                            A proposta foi aprovada, porém com a seguinte cláusula condici-
                            onante, apresentado pelo Revmo. Padre Felipe Pereira de Carva-
                            lho, Presidente da Câmara: Reservando-se para pastos e aguadas os
                            lugares mais vizinhos à vila, que, avaliados separadamente dos demais,
                            passarão a ser propriedade municipal, pago o seu preço pelas rendas mu-
                            nicipais (VIANA, 2007).

                         No cemitério municipal, como em qualquer outro, é
                    possível fazer uma correlação entre a cidade dos vivos e a
                    cidade dos mortos. Alguns valores ainda prevalecem e o
                    espaço se organiza e se edifica reafirmando os mesmos
                    valores, o mesmo apego material, como forma de perpe-
                    tuar a leitura do que se fez em vida de alguns cemitérios,
                    principalmente o do Bonfim, para o qual não havia uma
                    norma estética a ser seguida. O mais novo, em área contí-
                    gua, possui uma proposta diferente - Cemitério-parque,
                    em que familiares do falecido devem respeitar os critérios
                    estéticos e os padrões estabelecidos. Se conseguiram inibir
                    a construção dos mausoléus, não conseguiram impor uma


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