Page 49 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
P. 49

Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    campo santo é um espaço de comemoração e até de jú-
                    bilo para nós, montes-clarenses. O poeta João Chaves,
                    com sua célebre música ‘O Bardo’, prometeu ao amigo
                    Reis que cantaria em seu túmulo quando de seu sepul-
                    tamento e assim o fez. O fato foi revivido pelo grupo de
                    serestas João Chaves, sendo, inclusive, matéria apresen-
                    tada na rede Globo no programa Fantástico por oca-
                    sião do sétimo dia de morte do poeta. Podemos, tam-
                    bém, nos remeter a 1941 quando, em uma cerimônia do
                    Instituto Dom Bosco, após servido o ‘copo d’água, pro-
                    ferida a palestra do bispo e executada uma audição
                    musical de Godofredo Guedes, os convidados foram até
                    o cemitério cantar em homenagem ao Cel. Luiz Antô-
                    nio Pires, amigo do Instituto.
                         Em seu livro Efemérides Montes-clarenses Nelson
                    Viana (1964; 2007) descreve um trecho da crônica de
                    Levy de Queiroga Lafetá por ocasião do traslado das
                    urnas contendo os restos mortais de Camilo Prates e de
                    sua esposa:

                            Quarta feira havia uma festa no Cemitério Velho, cedo ainda Ma-
                            tias - pró Hermes, lançava a grande nova. Seu Camilo e D. Amélia
                            chegavam. Saíram de manhã de Belo Horizonte (...)

                         E arremata:
                            Vem com a companheira de cinquenta anos ao encontro dos ami-
                            gos que aqui deixou. E, como quis, troca a modorra daquele sofis-
                            ticado Cemitério do Bonfim por um sono definitivo nesta terra
                            vermelha que tanto amou.

                         As imagens funerárias, ao refletirem sobre a morte,
                    trazem à baila centenas de discussões acerca da vida: ‘o
                    que seria o fim de tudo?’ ‘O ser humano e o mundo, como
                    um todo, pode ser aniquilado? Caso afirmativo, como?
                    ‘Existe continuidade da vida após a morte?’


                         Conclusão
                         Finalizando, pode-se afirmar que entrar em contato
                    com os artefatos e construções tumulares constitui outra

                                                                             49
   44   45   46   47   48   49   50   51   52   53   54