Page 53 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    to, apesar de suave, denuncia o extremo sofrimento da-
                    quele sacrifício. Diante desta imagem, o então arcebispo
                    de Montes Claros, Dom Geraldo Majela de Castro, fez re-
                    verências, tocando-o com um significativo beijo.
                         Sensibilizada pela beleza e expressividade desta arte,
                    busquei conhecê-la e ao seu criador de maneira mais com-
                    pleta. Vi, então, de maneira clara, na percepção geradora
                    desta obra, uma profunda ligação com os elementos acul-
                    turados do seu meio - a Itália - grande centro religioso e
                    eterna sede da igreja católica. Pelas fotos da arte do artis-
                    ta distribuídas pela Europa, Ásia, África e América, vi per-
                    mear uma temática intencionalmente aplicada a motivos
                    sacros e sociais, enfatizando a caridade, a devoção, a soli-
                    dariedade, a divisão do pão.
                         Quanto ao estilo deste autor, poderia eu dizer, de
                    maneira ainda incompleta, que a arte sacra de GIANNI
                    BARBAGLIA nasce do princípio acadêmico e, no seu de-
                    senvolvimento, mescla leves toques de barroco e expressi-
                    onismo modernos. O resultado desta escolha engrandece
                    a totalidade da sua figuração. O fato é que, apesar da sua
                    formação ter sido acadêmica, o trabalho artístico de GI-
                    ANNI não se prende a normas rígidas, mas utiliza o prin-
                    cípio da liberdade que a arte oferece e prioriza a capaci-
                    dade criadora e inventiva. Na totalidade do acervo cons-
                    truído ao longo da vida, nota-se uma frequência maior às
                    temáticas voltadas para o sacro, mas o artista executava
                    qualquer ideia do mundo humano.
                         Como matéria prima sempre preferiu a madeira - o
                    “legno” como dizia - mas trabalhava muito bem a resina,
                    a terracota e o bronze. A diversidade dos materiais que
                    valorizava pressupõe, por certo, que a arte não é algo que
                    se reduz à sua pura materialidade, mas sim, que se vale
                    desta para ir além. E isto o GIANNI fez muito bem. Em
                    todas as suas obras conferiu à matéria bruta a espirituali-
                    dade que ela, por si só, não possui.
                         Cheia de admiração tornei-me sua parceira em di-

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