Page 48 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

              diferenciação inerente ao ser humano em representar-se
              pois, olhando com cuidado, há formas de se distinguir
              mantendo o gabarito estipulado, seja em placas de diver-
              sos materiais, seja na ornamentação, por meio de diferen-
              tes recursos botânicos e decorativos. É da natureza huma-
              na manter essa digna diferenciação, mesmo que seja no
              campo santo, onde se preconiza que somos todos iguais
              perante a morte.
                    É justamente essa distinção em vida que se observa
              em cemitérios mais antigos: os mais ricos constroem mau-
              soléus mais arrojados, onde caberão mais membros da fa-
              mília, fotos apostas aos túmulos, invocações religiosas as
              mais diversas, perpetuação por meio de trechos de poe-
              mas e diversos dizeres qualificativos nos epitáfios, simula-
              cros de assinaturas e mesmo a representação da profis-
              são, imagem que se eterniza.
                    No cemitério de Montes Claros, apesar de ser cons-
              truído no século XX, a grande maioria dos jazigos segue
              um padrão já proposto pelas marmorarias, ou seja, a pre-
              dominância de carneiras, podendo ser utilizado granito
              preto e de diferentes tonalidades, com arremates, florei-
              ras, cruzes e santos em bronze, que vão variar com a invo-
              cação e o custo. Há, no entanto, túmulos que podem re-
              meter a um período anterior (fins do XIX), onde imperava
              um gosto tendendo ao neoclássico, situação que pode le-
              var a crer serem eles procedentes do antigo cemitério da
              Rua Padre Augusto. Pode-se dizer, então, que a leitura
              dessa ‘cidade dos mortos’, de seus diferentes modelos de
              mausoléus e carneiras, representa a cidade e situações de
              vidas passadas.
                    As crendices populares também incentivam o cul-
              to aos mortos e cemitérios, haja vista nossos ‘santos’ mi-
              lagreiros. Irmã Beata, por exemplo, sempre reverencia-
              da e solicitada a interceder por milagres. E os mistéri-
              os? Nos anos de 1960 surgiu, em Montes Claros, um
              boato de que havia um túmulo que ‘chorava’. Enfim, o

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