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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    é uma maneira propícia de compreender como o social é
                    arquitetado e estruturado.

                         Na fronteira da morte
                         Expressões como ‘morremos todos’ ou ainda ‘a única
                    coisa que sabemos é que morreremos’ constituem fórmulas
                    que denotam um sentimento de resignação ao destino de
                    todo ser humano. Para Ariès (1989), esse é um dos modos
                    mais antigos de encarar a morte. Já nos tempos medievais,
                    cavaleiros e monges conheciam o seu fim antes de sua efe-
                    tivação e mesmo Dom Quixote, em seus devaneios, tam-
                    bém o percebeu previamente. Contudo, cabe um questio-
                    namento: qual a necessidade de se afirmar o conhecimento
                    do fim trágico? Talvez a resposta resida no fato de que seja
                    preciso domar a morte a fim de que se torne menos árdua e
                    se tomem as devidas providências para que tudo ocorra de
                    maneira adequada nos últimos momentos.
                         Essa borderline nos faz lembrar que, por ocasião dos
                    levantamentos para a elaboração dos Estudos de Impacto
                    Ambiental (EIA) da Mineração Barro Alto, em Goiás, ti-
                    vemos a oportunidade de levantar algumas considerações
                    populares em relação à morte. Consta que no caso de al-
                    guém ser picado por ‘Cabo Verde’ (o cascavel macho), se
                    o ofendido fosse homem, a morte era certa e, caso contrá-
                    rio, escaparia. A origem desse mito é desconhecida, mas
                    importante frisar a questão do cruzamento de gêneros.
                    Induzido pela sexualidade ou por inspiração no mito de
                    Adão e Eva, na sedução? Condenado assim a perder a
                    vida, ao ofendido restava aguardar seu fim, mesmo que
                    houvesse algumas tentativas de driblar a morte. A prática
                    era impedir sua entrada na casa, colocando o leito do
                    moribundo atravessado na porta de acesso à rua. Esse
                    costume também já foi observado no Vale do Jequitinho-
                    nha, em Minas Gerais, especialmente na zona rural.
                         Outras práticas ligadas ao morrer podem ser en-
                    contradas nesse universo da cultura popular, sendo

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