Page 33 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
FALA, CALUNGA ! VIDA
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E MORTE NOS CEMITÉRIOS
Fabiano Lopes de Paula 1
Cadeira nº 66
Patrono: José Lopes de Carvalho
Introdução
A análise de túmulos é um campo fértil para a com-
preensão de como as pessoas e sociedades agem em relação
à morte. Os jazigos são uma fonte imprescindível para uma
melhor compreender os questionamentos, incertezas e de-
sejos que os seres humanos têm em relação à morte e, por
consequência, à vida. Nos túmulos, encontram-se represen-
tações dos momentos finais dos viventes, permeadas de sím-
bolos e significados diversos. O tema da morte, principal-
mente em sua versão da produção arquitetônica, é um ló-
cus das invenções e construções culturais, porque nele é
possível demarcar padrões e regras de pensamento.
Interessante é perceber como no passado havia a hie-
rarquização do espaço a partir do status social das pessoas,
aspecto visualizado em nossa dissertação de mestrado
(1997) quanto à realidade constatada no cemitério inglês
da antiga Mineração de Morro Velho, em Nova Lima, MG.
Para falar das construções tumulares, é necessário
passar, mesmo que rapidamente, pela ideia de formaliza-
ção de um local propício para o depósito dos defuntos, ou
seja, o cemitério. Proveniente do vocabulário cristão, a
palavra grega koimetérion designava o lugar onde deter-
1 Calunga:nasreligiõesafricanas,CalungaPequenasignificacemitério,enquanto CalungaGrande
significa o mar.
2 Doutorando em Quaternário: Materiais e Cultura, Universidade de Trás-Os-Montes e Alto
Douro (UTAD), 2013.
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