Page 34 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

              minada pessoa dormia. Em sua vertente religiosa, o cemi-
              tério passou a representar o local onde se descansava após
              a morte e esperava-se pela ressurreição, que favorecia os
              ideários “de conservação do corpo em local espaçoso e
              simples como o cemitério” (BORGES, 2002, p.128).


                    Iconografia
                    Iconografias funerárias apresentam transformações
              das atitudes dos homens e mulheres ocidentais diante da
              morte. As posturas individuais e coletivas perante a morte
              modificam-se ao longo do tempo, mostrando que nem sem-
              pre se pode atribuir uma origem longínqua e única para
              determinadas emoções e práticas funerárias contemporâ-
              neas. Não há continuidade, mas maneiras distintas de se
              relacionar com a perda de uma pessoa querida: o velho sen-
              timento de família em relação ao defunto não é tão velho
              assim. Na verdade, é um sentimento da modernidade do
              século XIX, não da antiguidade clássica (ARIÈS, 1989).
                    Mas o que tais representações dizem de importante
              para o mundo social? Elas são construtoras e afirmadoras
              de discursos, e não são neutras. Pensando na prática dis-
              cursiva da plástica funerária, Borges (2002) aponta que a
              arte funerária possui um universo cultural próprio, inegá-
              vel, além de refletir a mentalidade e o gosto dominante do
              grupo social de que procede, cuja abrangência é mais am-
              pla do que se supõe. Em outras palavras, o cemitério propi-
              ciava a toda a comunidade entrar em contato com um tipo
              de obra veiculadora de um ideário estético da população.
                    Seguindo a mesma linha de reflexão e tendo como
              objeto de estudo os símbolos e imagens funerárias do Ce-
              mitério Municipal de São José, Ponta Grossa, PR, Schnei-
              der e Lamb (2009) afirmam que as esculturas, as formas
              tumulares, os adornos funerários e todas as representa-
              ções contidas nos cemitérios são formadores de ideias, ser-
              vem de instrumento de poder, transmitem crenças e valo-
              res morais, produzem cosmovisões. Assim, interpretá-las

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