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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
UM PROBLEMA FINANCEIRO
Durante o governo do médico Roberto Santos, pela Empresa
Baiana de Água e Saneamento (Embasa), foi realizado um estudo so-
bre a viabilidade da transposição das águas da Passagem da Pedra até
Caetité. Da equipe então formada para isto fazia parte o geólogo João
Lessa que, assim, voltava à cidade onde passara a infância.
João Lessa nascera na cidade de Livramento de Nossa Senho-
ra, em 20 de abril de 1937, mas seus pais mudaram-se para Caetité
quando ainda tinha meros quarenta dias de vida, e aqui estudara as
primeiras letras até o ginasial. Aquele retorno era a primeira vez que
o fazia, a trabalho.
A Embasa tinha feito uma estação de tratamento de água no
lugar denominado “Brás”, às margens da BR 030, no meio de uma
imensa ladeira, antigamente denominada “Ladeira da Tabatinga”, sa-
ída para a cidade de Guanambi, mais de duzentos metros acima do
centro de Caetité, na altitude, e a uns três quilômetros dele.
Lessa, diante do monte que se erguia a meio caminho entre o
rio e a estação, sugeriu que fosse aberto um túnel para se vencer o obs-
táculo, já que não dispunham de meios para bombear o líquido para
o alto. A ideia foi considerada totalmente inviável – uma “loucura”
segundo alguns dos técnicos que o acompanhavam – mas não para o
geólogo, que conhecia as habilidades dos mineiros do distrito próxi-
mo. Se não tinham recursos técnicos e financeiros para a empreitada,
esta poderia ser feita de outra forma.
Lessa havia, junto ao Superintendente de Obras da Embasa,
visitado o trabalho dos mineiros numa das “grunas” – buracos abertos
na terra – no garimpo da ametista. Ali, observara que os “gruneiros”
tinham uma capacidade de orientação única sob o solo, construindo
aberturas capazes de, com relativa segurança, mantê-los na atividade
extrativa por anos a fio.
Voltando ao distrito, perguntou aos moradores dentre os ga-
rimpeiros qual o melhor gruneiro que havia, e todos lhe indicaram
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