Page 130 - REVISTA 14
P. 130

Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
               O trecho final teve que ser interrompido, com a chegada do
          período chuvoso: João Lessa constatou que ali a formação do solo era
          instável, e ordenou a imediata evacuação do túnel. O desabamento
          efetivamente veio a ocorrer, o que fez aumentar o respeito por parte
          dos gruneiros a este geólogo que lhes confiara um trabalho tão gran-
          dioso.

               Com o desabamento, a boca do túnel foi então feita em “ber-
          mas” (alargamento que se faz nos aterros assentados sobre terrenos
          lodosos, para impedir o refluxo destes), ficando com o aspecto de
          anfiteatro.



          A INAUGURAÇÃO

               Uma obra tão grandiosa foi um acontecimento merecedor de
          toda a atenção política. Seu término coincidiu com o início do gover-
          no de João Durval Carneiro. O ex-deputado caetiteense e liderança
          estadual, Vilobaldo Freitas (irmão do membro da Academia Mineira
          de Letras, Flávio Neves) e o próprio governador, vieram a Caetité para
          a solene inauguração.
               Uma missa celebrada pelo Monsenhor Osvaldo Pereira de Ma-
          galhães sacramentava a realização, que proveria as necessidades de
          água da cidade sertaneja. Nela o pároco, falecido em 2014 aos 98
          anos, lembrou – em face de tantos que ali estavam para receber o cré-
          dito pela obra, que o seu verdadeiro responsável não estava presente:
          o “Joãozinho de Dona Alvina”, o Dr. João Lessa, que acreditara na
          viabilidade de tão ousado projeto.

               Uma obra que se fez não pelos meticulosos cálculos da enge-
          nharia, ou pelos milhões das empreiteiras – e sim por heroicos e anô-
          nimos gruneiros de Brejinho das Ametistas.






                                      - 130 -
   125   126   127   128   129   130   131   132   133   134   135