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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
O trecho final teve que ser interrompido, com a chegada do
período chuvoso: João Lessa constatou que ali a formação do solo era
instável, e ordenou a imediata evacuação do túnel. O desabamento
efetivamente veio a ocorrer, o que fez aumentar o respeito por parte
dos gruneiros a este geólogo que lhes confiara um trabalho tão gran-
dioso.
Com o desabamento, a boca do túnel foi então feita em “ber-
mas” (alargamento que se faz nos aterros assentados sobre terrenos
lodosos, para impedir o refluxo destes), ficando com o aspecto de
anfiteatro.
A INAUGURAÇÃO
Uma obra tão grandiosa foi um acontecimento merecedor de
toda a atenção política. Seu término coincidiu com o início do gover-
no de João Durval Carneiro. O ex-deputado caetiteense e liderança
estadual, Vilobaldo Freitas (irmão do membro da Academia Mineira
de Letras, Flávio Neves) e o próprio governador, vieram a Caetité para
a solene inauguração.
Uma missa celebrada pelo Monsenhor Osvaldo Pereira de Ma-
galhães sacramentava a realização, que proveria as necessidades de
água da cidade sertaneja. Nela o pároco, falecido em 2014 aos 98
anos, lembrou – em face de tantos que ali estavam para receber o cré-
dito pela obra, que o seu verdadeiro responsável não estava presente:
o “Joãozinho de Dona Alvina”, o Dr. João Lessa, que acreditara na
viabilidade de tão ousado projeto.
Uma obra que se fez não pelos meticulosos cálculos da enge-
nharia, ou pelos milhões das empreiteiras – e sim por heroicos e anô-
nimos gruneiros de Brejinho das Ametistas.
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