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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
ele quem me tirou as medidas e o terno ficou ótimo.
Tempos depois, quando eu já morava em Uberlândia, Nathér-
cio, que gostava da aviação, veio a ser o encarregado da Nacional
Linhas Aéreas em nossa Montes Claros, Foi então que me aconteceu
um caso interessante.
Vindo a essa cidade, trouxe comigo, como de hábito, um livro
para ler no avião, aproveitando o tempo, que me era escasso. Mas o
livro era uma droga e não passei da segunda página.
Dispus-me a rifá-lo na primeira oportunidade. Assim, ao fazer
o avião uma escala em Pirapora, achei que chegara a hora da desova
e desci com o livro A Miss Minas Gerais, que veio a bordo e era ali
esperada por uma luzida comissão, teve festiva recepção, com flores
e saudação de boas-vindas. Com aquela movimentação e a beleza da
moça, me distrai um pouco e acabei por disfarçar mal o “esquecimen-
to” do livro sobre o balcão, Ao sermos chamados para o reembarque,
eu já entrava no avião, e zeloso funcionário veio correndo trazendo-o
de volta...
Frustrado na primeira tentativa, antes de pousar em Montes
Claros coloquei o livro na bolsa que fica atrás da poltrona da frente e
desta vez senti-me aliviado, porque ninguém viu.
Entretanto, após o desembarque, o Nathércio, ao fazer uma
vistoria no interior avião, encontrou o maldito livro, e não sei como
descobriu que ele era meu, tendo o cuidado de mandar levá-lo a mim
no hotel...
Mas na volta à Capital, escalando em Diamantina, tive a cora-
gem de deixá-lo, num cesto de papel, à vista de todo mundo, e nunca
mais o lvi.
Hoje, não consigo lembrar o título do livro, mas jamais pode-
ria esquecer aquela gentileza do Nathércio...
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