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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
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Situada em pleno sertão, Caetité está sujeita às estiagens nor-
destinas. A água, ali, sempre foi um bem precioso e motivou a locali-
zação da sua sede, num vale cheio de riachos e nascentes que, mesmo
nos períodos mais secos, mantinham-se perenes. Uma situação que
o desmatamento e o crescimento urbano fez, no final do século XX,
alterar-se de forma radical – culminando com a falta d’água na grande
seca de 1974.
A sede, como boa parte do território do município, faz parte da
Bacia do Rio de Contas – uma bacia completamente “baiana”. Já o
distrito de Brejinho, contudo, compõe a Bacia do São Francisco, ali
nascendo o Carnaíba de Dentro que, junto ao Carnaíba de Fora (tam-
bém com nascente em Caetité), formam o Rio das Rãs, afluente do
São Francisco. Mesmo uma parte de Brejinho descamba para o Rio de
Contas, como é o caso do Rio da Faca que, nascendo ali, irá desaguar
no Rio do Antônio, um dos afluentes do Rio de Contas. Um divisor
de águas, de duas importantes bacias, onde a água em si torna-se cada
vez mais um elemento raro.
O relevo acidentado (Brejinho está ao fim da Serra do Espinha-
ço), longos planaltos de campos gerais, ali um pequeno rio era perene
em tempos passados. Um rio “sem nome”, conhecido pelo trecho no
qual cruzava a estrada de terra que ligava a sede ao lugarejo: “Passa-
gem da Pedra”.
Do rio da Passagem da Pedra até a sede citadina são cerca de
doze quilômetros, e entre ambos uma elevação de vários metros que
tornava impossível trazer aquela água até lá. Um projeto que a enge-
nharia moderna facilmente venceria, a custos gigantescos que, àquela
época, não estavam disponíveis.
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