Page 148 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
A valentia daquela mulher não parou. Veio a fase
da vingança, aproveitando a força da política.
Naquela época, o chefe do Décimo Batalhão de
Polícia era o Cel. Coelho, nomeado pelo Governador.
Com ares de protetor da humanidade, resolveu cri-
ar um batalhão para proteger a cidade, mas, na verdade,
era para atacar os adversários da Aliança Liberal, partido
do Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (governador
de Minas Gerais), do qual Dona Tiburtina era forte corre-
ligionária em nossa cidade. Dr. João Alves era o chefe do
partido Aliança Liberal, mas ele era um médico dedicado
à sua profissão, muito pacifico, pouco ligava para a políti-
ca. Dona Tiburtina é quem mandava no partido dando
rédeas à sua maldade.
Criou-se o “Batalhão”, mas infiltrado nele estavam
os mais valentes jagunços de Dona Tiburtina: Velho de
Lília, Ezupério Ferrador, Joaquim Preto, Manoel Baiano e
outros...
Este grupo de “voluntários”, fantasiados de solda-
dos, com uniforme de brim cáqui, polainas, boné, revólver
na cintura (durante o dia) e, à noite, armados com cace-
tes bem fortes, percorriam as ruas atacando os adversári-
os da Aliança Liberal, os correligionários de Júlio Prestes.
Como sofreram estes políticos!...
Com a vitória da Revolução de 30 (vitória de Getulio
Vargas) esta valente mulher ficou com mais força política.
Foi a fase negra dos ”Bate Paus.”
À meia noite, eles percorriam a cidade já sabendo a
quem iriam atacar.
Assaltavam a residência da vítima, tiravam-na da
cama, levando-a para o suplício. Onde é hoje a Catedral,
havia um cemitério velho. Lá era o palco da maldade, onde
os “Bate Paus” surravam covardemente as vítimas.
No dia seguinte, eram levados para casa quase mor-
tos, pelos parentes. Milhares de pessoas honestas, senho-
res respeitáveis foram massacrados e muitos morreram em
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