Page 146 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros








                       NA FASE DOS “BATE PAUS”



                                                    Ruth Tupinambá Graça
                                                            Cadeira nº 96
                                             Patrono: Tobias Leal Tupinambá

                    Os montes-clarenses de hoje não são capazes de ava-
              liar o que foi a nossa cidade nos anos 30.
                    Hoje vivem medrosos, aflitos e preocupados com a
              violência e os crimes absurdos em decorrência do tráfico
              de drogas. Mas não sabem que a nossa cidade, no seu
              passado, foi vítima de violências terríveis, iguais às de hoje,
              talvez piores.
                    Tudo aconteceu depois da terrível tragédia de 6 de
              fevereiro de 1930, quando os jagunços de Dona Tiburtina
              (a seu mando) atacaram a comitiva do Dr. Fernando de
              Melo Viana, Vice–presidente da República, que veio a nos-
              sa cidade fazer política, almejando a Presidência, anun-
              ciando um grande comício, tudo apoiado com muito en-
              tusiasmo pelos adversários da Aliança Liberal, da qual
              Dona Tiburtina era a forte correligionária.
                    Embora eu morasse bem perto da Estação Ferroviá-
              ria, apesar da minha vontade de acompanhar a comitiva,
              eu não fui. O pai da amiga Alaíde, o Sr. Arthur Amorim,
              nos preveniu: “vocês não vão descer acompanhando a
              comitiva. Fui avisado por um amigo que haverá tiroteio
              (caso haja provocação). Os jagunços já estão prevenidos”.
              Foi a minha sorte.
                    Quando a comitiva passava em frente à casa da
              Dona Tiburtina, os jagunços de cima das árvores, arma-
              dos, dispararam suas carabinas sobre a multidão. O de-
              sespero foi total. Dr. João Alves gritava: “não atirem! Há

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