Page 92 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
duca aparece no Grande Sertão, nas paginas 341, 346, 368. Na
figura de Rotílio, como se pode constatar as duas fotografias de
Rotílio, publicadas por Saul Martins no Livro Antonio Dó.
CONCLUSÃO:
Os episódios, os acontecimentos, as lendas, o folclore, re-
fletem-se diretamente na literatura, no campo da cultura, onde
os elementos mágicos, os hábitos, costumes, crenças, povoam
o imaginário da região do São Francisco. Dentre deste cenário
difícil é separar o que foi real e o que brotou da imaginação, e
elucidar questões que consigam dar veracidade e legitimidade,
na identificação de Rotílio e resgate da sua historia.
Para mim, Rotílio surge como um personagem, guardado
nas gavetas da memória, nas estórias contadas pelos colonos, ao
redor do engenho, da lenda passada de boca em boca, que Ro-
tílio era jagunço, pistoleiro, chefe de banda com seus capangas
que assombravam seu sertão. Dizia-se justiceiro, mas por onde
passava espalhava o terror nas cidades ribeirinhas, nenhuma ci-
dade escapou ao seu terror, ao medo dos saques, dos tiros deste
homem que passou para a história como justiceiro do sertão.
Ele morreu na cidade da Barra, no vapor “Wenceslau Braz”,
em 1930. Rotílio foi esfaqueado quando dormia numa rede nas
águas do Velho Chico. O rio que o embalou na sua Infância, que
assistiu a sua ascensão como líder de jagunços e justiceiros, o rio
que o aproximou dos homens poderosos e intelectuais, o mesmo
rio que foi a sua mortalha. Assim morreu Rotílio Manduca que
renasceu no corpo de Zé Bebelo, no Grande Sertão Veredas.
Seu epitáfio pode ser encontrado na literatura de Cordel:
Rotílio, cabra valente
Mais danado e inteligente
Que o São Francisco já viu;
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