Page 87 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              ouro resplandecente, vivia em palácios de esmeraldas e safiras e
              tinha seus domínios fechados por cordilheiras de cristal.
                    O efeito  de  tais  informações  foi  imediato,  as  internações
              começaram logo, ao mesmo tempo que as explorações costeiras.
              Tanto marcharam e se desenvolveram, que em menos de um sé-
              culo, foram organizadas de forma metódica, e surgiram os ban-
              deirantes.
                    Este preâmbulo é apenas para fazer uma associação, entre
              as entradas, as bandeiras, e as cavalgadas que insistem a resistir
              ao tempo, e a cada ano renovam-se nas festas dos distritos norte
              mineiros, como a prestar uma homenagem aos nossos  antepassa-
              dos  que trilharam e exploraram os nossos sertões, com itinerários
              diferentes, mas com bravura e determinação...
                    Já se vai longe o tempo em que o bravo homem do campo,
              o tropeiro, seguindo a estrada real, desbravava as terras do sertão
              e hoje o sertanejo presta-lhe homenagem, em cavalgadas pelos
              distritos do Norte de Minas!

                    As lembranças, a saudade e os fatos que fizeram a histó-
              ria do homem do campo, do vaqueiro, do velho sertanejo, do
              homem de chapéu de couro e cigarro de palha, pés descalços,
              olhar ao longe, da espera de dias melhores, nas lidas diárias, dos
              sonhos desfeitos, da chuva que não veio, da dura realidade, des-
              filam pela minha retina...
                    Mas o sertanejo não desiste, na colheita que não vingou, na
              chuva que não veio, novo plantio, nova esperança, olha o céu e
              segue adiante...

                    Por isso a cavalgada resiste ao tempo e aquele que não saiu
              do campo, que ama a terra e tira dela o seu sustento, gosta da
              cavalgada, do barulho dos pés dos cavalos, do relincho dos mes-
              mos, e presta a sua homenagem aqueles que um dia aí viveram.
              Todos enfileirados, os cavalos arreados, bandeiras nas mãos, em
              frente ao cruzeiro, pedem a bênção ao padroeiro, dizem orações,
              dão vivas à N. Sra. pedem proteção para a caminhada. Os fogue-

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