Page 83 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
                    Ruth, com os dois livros que escreveu, sem nenhuma pre-
              tensão de ser historiadora, acabou por tornar-se uma, de impor-
              tância fundamental para a História de Montes Claros.

                    Cidade sem história é cidade sem identidade. O passado é
              importantíssimo, pois foi ele que construiu o presente e delineou
              o futuro. Infelizmente, porém, o montes-clarense, de um modo
              geral,  e seus  administradores  não  têm se  preocupado  em pre-
              servar a história de Montes Claros que, como Ruth fala tão bem,
              poderia ser contada e mostrada através de seus velhos casarões.

                     Eu, que também amo tanto a terra de meus antepassados e
              que tão bem me acolheu, confesso que choro diante de cada an-
              tiga casa que é destruída para dar lugar aos novos edifícios. Não
              que seja contra o progresso ou não compreenda a necessidade
              de moradia para uma população que cresceu de forma espantosa.
              Entretanto, qual o montes-clarense autêntico que pode concor-
              dar com a destruição da casa de nosso maior poeta sertanejo,
              Cândido Canela? Ela deveria ter se tornado um museu, onde as
              coisas dele seriam preservadas, tal qual eu vi em uma reportagem
              de televisão sobre uma casa de um grande poeta de uma cidade
              mineira da qual não me recordo o nome.

                    Ruth, em seu livro, mostra a mesma indignação que sinto
              diante de fatos assim.

                    O que seria da História de Montes Claros se não fosse a
              ideia genial de Wanderlino Arruda e Dário Cotrim, filhos adoti-
              vos da cidade, de fundarem o Instituto Histórico e Geográfico de
              Montes Claros? Toda a História acabaria por perder-se, parando
              definitivamente no que escreveram Hermes de Paula e Nelson
              Viana. Mas, Ruth, assim como eu e todos os membros do Insti-
              tuto, não temos como recuperar em arquitetura aquilo que já foi
              destruído e que, por si só, também contavam o nosso passado...

                    Lendo o livro de Ruth, lembrei-me o tempo todo de meu
              saudoso pai, que já havia me contado muitas daquelas histórias,
              como a de Exupério Ferrador. Tendo saído daqui na juventude,


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