Page 80 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
ras minas de ouro, no território que se chamaria posteriormente,
Minas Gerais, uma vez que o rio São Francisco era na época o
melhor e o único caminho para se penetrar no interior do Brasil.
As primeiras romarias dos mineiros de Montes Claros para
Bom Jesus da Lapa foram feitas a cavalo. Longas viagens desses
romeiros feitos cavaleiros andantes pelas estradas poeirentas que
duravam, em média, quinze dias para ir e outros quinze para vol-
tar. Muitos fincavam o pé na estrada, calçados de alpercatas e, na
cabeça, chapéu de palha revestido de morim alvinitente e circun-
dado com fita verde da esperança, suor encharcando o corpo e o
coração batendo forte para bombear o sangue; caminhadas que
duravam mais de trinta dias para ir e igual número de dias para
voltar. Tudo muito bem planejado com paradas e pernoites em
locais definidos. Quase seiscentos quilômetros de Montes Claros
a Bom Jesus da Lapa, com jornadas evidentemente cansativas,
mas não reclamavam. Seguiam impulsionados pela fé que dei-
xava o romeiro esperançoso e entusiasmado. Depois as viagens
foram ficando menos cansativas pela utilização dos caminhões
paus-de-araras, até o surgimento de ônibus oferecendo agilidade,
comodidade e facilidade aos devotos do Bom Jesus.
Foi o monge Francisco de Mendonça Mar, mais tarde or-
denado padre, adotando o nome de Padre Francisco da Soledade,
que fez os primeiros altares, conseguiu paramentos, castiçais e
determinou que 6 de agosto fosse comemorado festivamente em
honra ao Senhor Bom Jesus da Lapa, mandando posteriormente
que colocassem no altar junto à imagem de Cristo Crucificado,
as imagens de Santo Antônio de Lisboa e de Nossa Senhora da
Soledade. Na “Cova do Monge”, ao lado direito do altar-mor está
enterrado o corpo do padre. É a mesma cova onde fazia orações
e penitências e que lhe servia de dormitório.
Quem visita a “Sala das Promessas” ou simplesmente “Sala
dos Milagres” sente a contagiante força da fé e da gratidão deixa-
da por cada um dos seus milhares de visitantes e leva a certeza de
que tudo é possível ao que crê. O local é um ponto de referência
da manifestação da fé no Senhor Bom Jesus. Em dias de gran-
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