Page 88 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          tes estouram ao longe, o cavalo bem enfeitado é a “madrinha da
          tropa”, o cavaleiro vai à frente, cumprimenta os que ficam, tira o
          chapéu da cabeça, homenageando os que não seguem...

               Cada um com o melhor passo desfila orgulhoso de sua mon-
          taria, a caminhada será longa, o sol causticante, eles seguem via-
          gem por todo o sertão!
               Na  fazenda,  os  que  não  foram  preparam  o  almoço,  para
          receber os cavaleiros, que retornarão após visitar vários lugares
          e outros irão juntar-se a eles. Em cada parada, após os aperitivos,
          eles seguem viagem, sobem e descem serras, morros, rios e de-
          mais acidentes geográficos, cortam viagem e olham a paisagem,
          contemplam o céu, retornam finalmente ao local de onde parti-
          ram...

               Novos aplausos, foguetes, vivas e você ouvirá vindos dos
          rincões do Norte de Minas, o tropel dos cavalos, o mugido das
          reses  no  estouro  da  boiada,  os  gritos  dos  vaqueiros,  a  poeira
          subindo pelo vento, o canto dos pássaros nas trilhas do sertão... A
          festa começa, o almoço, a dança nos terreiros, o canto da viola, o
          aboio do vaqueiro, e a tarde encobre a colina, no azul do céu, na
          tarde poeirenta do verão...

               Que povo  é este?  É gente  que  canta,  que  dança  e que
          trabalha... É gente mineira, nossa gente de Minas Gerais, sertaneja,
          do nosso sertão, dos nossos Gerais... As minas são muitas, como
          diria o escritor João Guimarães Rosa, “mas falo dos gerais, do
          chão, do Norte, do rincão, da estrada real, de Montes Claros, do
          povo do sertão”.

               Porque  esta  ligação  entre  as  entradas,  as  bandeiras,  as
          cavalgadas?  Porque  o homem, presente  em  todas  elas,  com
          objetivos diferentes, épocas também, trazem em comum, o gosto
          pela aventura, caminhos desconhecidos e vontade de vencer os
          obstáculos que aparecem ao seu redor.
               Lembrando as palavras do filósofo Santo Agostinho, descritas
          no  livro  “Historia  da  Filosofia”,  de  Michele  Frederico  Sciacca,
          vol. I. Pág. 200.

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