Page 95 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Estou com uma empreitada: comparar os nomes e as fa-
çanhas descritas por Olympio Gonzaga com as personagens de
Guimarães Rosa, empreitada que será também um desafio à pro-
fessora Ivana Ferrante, para quem passei uma cópia do documen-
to. Começo a crer que nem tudo em “Grande Sertão: Veredas” é
ficção em cenário real.
Olympio Gonzaga se apresenta: “Na luta pela vida, de
posse de meu título de normalista pela Escola Normal de Para-
catu, em 1° de junho de 1898, na casa que hoje me pertence,
juntamente com meu amigo e colega Manoel da Silva Neiva –
Neneco – fui nomeado professor público primário na cadeira do
sexo masculino do distrito do Rio Preto do Capim Branco (Unahi),
tendo entrado em exercício em 1° de Maio de 1900”.
Escreve ele, adiante: “Durante a minha estada em Capim
Branco, Unahi (1900 a 1912) fiquei conhecendo pessoalmente
quase todos os cangaceiros célebres do Urucuia: Américo de
Queiroz, Ermelindo, João Pirahy, Demétrio Ribeiro (que foram
jagunços de Santos Roquete), Firmino, Faustino Preto, Salé, Sa-
cerdote, José Vaqueiro, Vicente Vaqueiro (assassinos do fazen-
deiro-farmacêutico Nestor da Palma para roubar a casa) e muitos
outros facínoras célebres, os quais deram que fazer a polícia mi-
neira nos anos 1912 a 1922”.
Esclarece ele que “Américo de Queiroz residia em Capim
Branco em 1905 com sua família, idade de 23 anos, bom ferreiro,
trovador ao violão, com seu primo ajudante de ofício Deusdedit
Áfrico da Silva, também bom cantador de modinhas. A esposa de
Américo, dona Palmira, era uma senhora clara, franzina, de ca-
belos pretos de um metro de comprimento, dois filhos travessos
Getúlio e Deodato, com 4 e 6 anos de idade”.
E prossegue Olympio Gonzaga: “Muitas vezes Américo de
Queiroz foi meu companheiro de caçadas e pescarias nas muitas
matas e cachoeiras e tinguijadas de lagoas. Esta família teve um
fim trágico nestes sertões selvagens, assassinados, inclusive dona
Palmira, que abortou ao ser sangrada como porco e foi tirada a
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