Page 156 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
SAMUEL FIGUEIRA,
MESTRE DA PINTURA
Wanderlino Arruda
Cadeira nº 33
Patrono: Enéas Mineiro de Souza
Lembro-me como se fosse ainda hoje o dia em que,
na casa de Samuel Figueira, eu dera palpites, mais do que
o usual, na sua forma de pintar, no uso das cores, na esco-
lha dos temas e creio que até na evolução dos seus qua-
dros. Devo ter exagerado na função de crítico, e foi daí
que veio o desafio: Por que eu, que queria saber tanto de
pintura, não tentava fazer um quadro ali mesmo, diante
dele, de Mila, sua mulher, e de Shirley Durães, que os visi-
tava naquela tarde de domingo? Insulto ou convite, cha-
mamento ou convocação, fosse o que fosse, não me fiz de
rogado e lancei-me ao trabalho, imediatamente, pintando
a minha primeira paisagem azul, branca e verde, chapa-
da, lisinha e até com um pouco de transparência. Para
começo, creio que foi até um sucesso, em pouco mais de
duas horas, com ele Samuel orientando aqui, orientando
ali, e até ajudando dar uns retoques nos coqueiros, pois
me faltava naquela hora uma certa leveza que, aliás, falta
até hoje.
Mais tarde em Mirabela, Shirley me lembrou da fa-
çanha e perguntou-me se valeu a pena todos estes anos de
aventura no mundo das tintas, dos pincéis, das espátulas
e das telas. Quis saber também se eu me considerava mais
feliz com a atividade de pintor, metiê que sofre tanta críti-
ca de quem entende do assunto e até muito mais de quem
não entende nada. E qual seria minha resposta?
Claro que tudo ia bem, a pintura vinha sendo um
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