Page 137 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    dos Azulejos do Conde de Arnoso” sentencia: “A arte é
                    tudo - tudo o resto é nada. Só um livro é capaz de fazer a
                    eternidade de um povo. Leônidas ou Péricles não bastari-
                    am para que a velha Grécia ainda vivesse, nova e radiosa,
                    nos nossos espíritos: foi-lhe preciso ter Aristófanes e És-
                    quilo. Tudo é efêmero e oco nas sociedades - sobretudo o
                    que nelas mais nos deslumbra. Podes-me tu dizer quem
                    foram, no tempo de Shakespeare, os grandes banqueiros e
                    as formosas mulheres? Onde estão os sacos de ouro deles
                    e o rolar do seu luxo? Onde estão os olhos claros delas?
                    Onde estão as rosas de York que floriram então? Mas
                    Shakespeare está realmente tão vivo como quando, no es-
                    treito tablado do Globe, ele dependurava a lanterna que
                    devia ser a Lua, triste e amorosamente invocada, alumi-
                    ando o jardim dos Capuletos. Está vivo de uma vida me-
                    lhor, porque o seu espírito fulge com um sereno e contí-
                    nuo esplendor, sem que o perturbem mais as humilhantes
                    misérias da carne!”.
                         Desta forma, o professor Álvaro Astolfo da Silveira,
                    está vivo, sem que o perturbem as misérias da carne. Como
                    Patrono, ilumina para sempre a Cadeira nº 85 da Casa de
                    João Pinheiro.
                         Ele é mineiro de Passos, de família ilustre, onde nas-
                    ceu em 1867, na vigência plena do glorioso Império brasi-
                    leiro. Engenheiro pela Escola de Minas de Ouro Preto ocu-
                    pou, já no início de sua carreira profissional, a partir de
                    1892, as funções de geólogo da Estrada de Ferro Central
                    do Brasil. Mas ele não foi uma pessoa acomodada e alçou
                    voos mais altos. Já em 1895 era ele Chefe da Comissão
                    Geográfica de Minas Gerais. Foi diretor da Imprensa Ofi-
                    cial entre os anos de 1904 a 1907, para logo depois assu-
                    mir a chefia técnica da Diretoria de Agricultura do Esta-
                    do, tendo se aposentado, em 1931, como Diretor da Co-
                    missão Geográfica e Geológica de Minas Gerais.
                         Homem das letras, botânico, geólogo e naturalista, in-
                    telectual de larga visão e competência cultural, publicou

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