Page 136 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

              pronunciar seu nome e eis que aparece, na porta da sala,
              a pessoa do meu ilustrado amigo Zanoni Neves! Tinha que
              acontecer, porque já estava escrito no Livro do Destino,
              como querem os sectários do islamismo, essa misteriosa
              força que governa o mundo.
                    Doutos membros da Mesa.
                    Da estrutura organizacional do Instituto coube-me,
              por escolha entre as poucas Cadeiras vagas, a de nº 85,
              que tem como patrono Álvaro Astolfo da Silveira e ante-
              cessores Simeão Ribeiro Pires e Edir Carvalho Tenório, três
              insignes imortais. Eles nos fazem cientes de que “só temos
              uma vida, mas podemos ficar na História”.
                    Dizem que são imortais os que integram um sodalí-
              cio cultural. São imortais os que somam valores pessoais a
              feitos que os distinguem, entre os comuns. E são imortais
              porque sublinharam suas passagens na história de um lu-
              gar, de um povo, de uma instituição, por isso serão sem-
              pre lembrados.
                    A imortalidade depende, conforme sabemos, de atos
              ou de fatos. Para tornar-se imortal, Zeus, ao nascer, pediu
              a Hermes que o levasse para junto do seio de Hera, quan-
              do esta dormia, e o fizesse mamar. O leite divinal conce-
              deu a Zeus o poder de ser grande entre os grandes.
                    Em relação similar, são imortais os humanos que
              sorveram o leite de Atena, a deusa grega da sabedoria.
                    Como repete uma máxima: “A morte não é para sem-
              pre; só morre o que se esquece”. A imortalidade, assim, se
              constitui não pelo acaso, mas pela memória de uma exis-
              tência, que deixou marcas particularizantes.
                    Lembrando-me de Érico Veríssimo, em “Caminhos
              Cruzados”, reconheço que o tempo passa, as pessoas enve-
              lhecem, mas seus escritos os perpetuam. As pessoas nas-
              cem, sofrem e morrem, cumprindo um ciclo natural; mas
              há as que nascem, realizam e eternizam-se. A arte, caros
              senhores e senhoras, é um meio de eternizar o homem.
                    O renomado escritor Eça de Queirós no “Prefácio

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