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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Logo acima da gigantesca Lapa, havia também a denominada
Gruta Pintada, onde pichações antigas de animais selvagens, feitas
por mãos humanas com tintas desconhecidas, indicavam sinais das
primeiras civilizações que teriam vivido no local havia séculos.
O cenário cinematográfico era completado por incrível córrego
de águas límpidas e valentes, cujo leito vinha lá de cima de onde nin-
guém sabe e se infiltrava na indevassável montanha de pedras.
Quem já havia visto o local dizia o contrário, ou seja, que o
córrego de águas valentes provinha do interior medonho e desafiador
da gigantesca gruta.
Mas a destemida expedição de jovens estudantes queria apenas
explorar a grande montanha, onde diziam que havia em seu interior
diversas repartições como moradias, dentre as quais se destacava uma
denominada de Sala do Trono.
Transcorria o ano de 1962 da graça do Senhor.
Chegar pelo menos a esse local majestoso era o grande repto a
que Rui Barbosa e seus companheiros se propuseram, enquanto Zé
Eymard tentava assar uma galinha em braseiro improvisado à margem
do córrego.
A cena poderia até parecer risível, mas era angustiante de se
ver: por mais que o jovem Zé Eymard assoprasse a fogueira armada
artesanalmente, os paus secos insistiam em não propalar as chamas e a
galinha, colocada num espeto feito com um galho de árvore, imitava
uma penosa que ainda estava viva, por causa da estranha e rústica
forma com que fora depenada.
Uma autêntica briga de foice no escuro, diria a rapaziada de
hoje.
Durante a empreitada, Rui Barbosa deslocou um braço, o que
desestimulou o grupo a seguir em sua aventura dentro da gruta.
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