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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
rindo, pois as suas lágrimas eram de alegria, mesmo porque não po-
dia voltar à juventude. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na
existência. Podemos apenas ir para frente. Pensando assim, vencia as
barreiras do tempo, impedindo que fosse contagiada pelo vírus da
acomodação e da indiferença que se manifesta nessa fase da vida, a
fase preferida dos que jogam a toalha: “Deixa pra lá. A luta acabou”.
Mas ela não fugia da luta, nunca deixou de cumprir com seus propó-
sitos e seus compromissos.
Para ser vencedora custou-lhe muito. Foi preciso persistência,
muitas lutas diárias de encantos e desencantos. Plagiando Cora Cora-
lina, podemos dizer que ela foi uma mulher que fez a escalada da vida,
removendo pedras e plantando flores. Acreditamos que ela tenha re-
alizado seus projetos com resultados positivos amando cada vez mais
a todos, não somente os de seus convívios, mas também os que não
conheceu ou aqueles que, por alguma razão nunca teria oportunidade
de conhecer.
Com ela aprendemos que na vida não devemos desanimar,
mesmo sentindo ventos contrários. Não devemos perder o equilíbrio
diante dos obstáculos. Não devemos crer que nossos trabalhos sejam
improdutivos.
A professora Yvonne, uma mulher elegante, inteligente e cati-
vante, que estava contente com a velhice, queria mais tempo para ter
o gosto de viver sem limites sonhando e realizando os objetivos na
vida; caminhar para frente, tropeçando, mas erguendo-se para prosse-
guir, sem esmorecer, sem parar, nem estacionar.
Para muitos, desistir dos projetos é mais fácil do que lutar por
eles. Renunciar, chorar, aceitar derrotas é mais simples porque não lhe
obriga a nada, mas para ela, não era assim. O impossível era apenas
algo que ainda não havia realizado. Aos cem anos, ocupando o seu
lugar no seio da sociedade continuava fazendo bem feito o seu papel.
O segredo para conseguir a felicidade consistia no empenho pessoal
em fazer tudo com prazer.
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