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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
               Sim, o prazer é coisa dos sentidos, diferentemente da alegria
          que é coisa do coração, por isso estava alegre, convivendo com os mais
          jovens; com aqueles que ficaram adultos há mais tempo, com aqueles
          que se tornaram adultos há pouco tempo e com aqueles que tateavam
          para virar gente grande, representando várias gerações. Aliás, nossas
          tradições culturais já não se transmitem de uma geração a outra com
          a mesma fluidez que no passado. Por tudo isso, se alegrava, e se ale-
          grava muito, porque nascera para acreditar que o seu patrimônio era
          a felicidade e o melhor meio para multiplicar a felicidade era dividi-la
          com os outros, porque a alegria só pode brotar de entre as pessoas que
          se sentem iguais.

               Felizes são as pessoas como a professora Ivonne, que impedindo
          o contágio do vírus da acomodação, observa o passado para poder ca-
          minhar no futuro. Para não ser contagiada pelo vírus da acomodação
          ela continuava ensinando e difundindo frutuosamente conhecimen-
          tos. Foi uma escritora que tinha sempre coisas importantes para nos
          dizer. Todas as suas obras têm os seus próprios traços, o que provoca
          uma identificação da fertilidade de inspiração ímpar, pelas caracterís-
          ticas que imprimiu em cada narrativa.

               Via-se na homenageada a prova de que não existe um caminho
          a seguir em direção à longevidade, aos cem anos conservava a cabeça
          boa, com memória de adolescente. O que existe é o jeito de caminhar
          e o nosso cérebro é o melhor recurso já criado para tudo. Nele ela
          encontrou todos os segredos de caminhar. Não que tenha nascido
          pronta para ser dotada de inteligência. Isso não. Para conquistar seu
          espaço no mundo precisou ralar muito, com ética e honestidade, mes-
          mo passando, creio eu, por algumas frustrações.

               Tem um ditado que diz que a gente colhe o que planta. Por-
          tanto, na vida andando lado a lado, existem duas premissas básicas do
          viver: a frustração e o esforço.

               Com muito esforço no seu jornadear por esse mundo, nos en-
          sinou que ser feliz pressupõe viver em plenitude, com doações, cui-
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