Page 82 - REVISTA 14
P. 82
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Botumirim, nenhuma referência se faz a essa última cidade. E, para
completar, quem vem do lado de Salinas, logo após aquele entronca-
mento e, antes do Barrocão, vai encontrar uma placa indicando que
Botumirim está a noventa quilômetros, pela mesma estrada de terra
antiga. Será que não dá para trocar essas placas?! Já encontrei alguns
motoristas “de fora” perdidos na região, voltando daquela cidade sem
lá ter chegado. Haja ineficiência e irresponsabilidade!
Botumirim não é uma cidade antiga, como suas vizinhas Grão
Mogol e Itacambira. Até 31-12-1943, quando foi criado o Distrito,
ali existia apenas o povoado de Serrinha, no município de Grão Mo-
gol, que teve origem lá pela metade do século XVIII, com a formação
de um núcleo de garimpeiros de ouro e diamante apelidado inicial-
mente de “Quatro Oitavas”, sabe-se lá por qual razão. Com o declí-
nio da mineração artesanal, como aconteceu em toda Minas Gerais
no século seguinte, principalmente pelo fim da escravidão negra no
Brasil, sua população voltou-se para a agricultura e a pecuária, como
atividades de sobrevivência, embora ainda circulem, até hoje, na fan-
tasia popular, informações de que algumas pessoas mais previdentes e
“espertas” conservam suas minas trancadas a cadeado e só de tempos
em tempos, quando a necessidade aperta, lá comparecem para garim-
par o seu minério. Oficialmente, a mudança de nome teria ocorrido
em razão da pré-existência de outro distrito, em Minas Gerais, com a
mesma denominação de Serrinha, mas é preciso relembrar que àquela
época, sob o governo ditatorial de Getúlio Vargas, vivia-se um ufanis-
mo patriótico muito expressivo, em razão da 2ª Guerra Mundial, a
ponto de ser recomendada a mudança de denominações para topôni-
mos de origem tupi-guarani, genuinamente brasileiros, que tivessem
o mesmo significado da designação anterior. Foi assim que Beija-Flor,
minha terra natal na Bahia, virou Guanambi, e até o distrito onde
nasci, chamado Gentio, virou Ceraíma. E Serrinha se transformou
em Botumirim, mantendo-se o mesmo significado original.
O distrito de Botumirim teve vida curta, pois, pela lei estadual
de 30 de dezembro de 1962, sob o governo de Magalhães Pinto, foi
- 82 -