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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
                    Mais à frente, encontra-se a praça Doutor Carlos Versiane ho-
              menagem a Carlos José Versiane, médico dos pobres. Junto ao depu-
              tado Justino Câmara foi um dos fundadores da Santa Casa de Cari-
              dade, chefe do Partido Conservador de Montes Claros, tendo sido
              vereador, presidente da Câmara Municipal e deputado provincial em
              várias legislaturas. Exercia sua profissão pelo respeito ao próximo cli-
              nicando quase sem receber honorários. Viveu e morreu pobre tendo
              sido seu trabalho reconhecido pelo povo.  A praça também era conhe-
              cida como Largo da Caridade ou Largo do Mercado; desde que ali se
              construiu o primeiro mercado da cidade (Figura 05).

                    Montes Claros foi, desde sua origem, considerada um excelen-
              te ponto de venda e compra de mercadorias principalmente para os
              tropeiros. Por tal motivo, a cidade abrigou a construção de vários
              ranchos de tropa, fortalecendo a existência de um mercado. “Ao nor-
              te, ergue-se a única igreja da vila, perto da qual se encontra excelente
              mercado, bem coberto, para vendas de provisões vindas do interior”
              (Dr. George Gardner apud PAULA, 1979, p95). Em 1878, surgiu
              a ideia da construção de um mercado para suprir as necessidades da
              cidade. Após algumas propostas e embates políticos, em 1896, al-
              guns comerciantes reuniram-se e ofereceram à Câmara um terreno e
              uma verba para cobrir despesas de possíveis desapropriações. O então
              presidente da Câmara, Dr. Honorato Alves, formou uma comissão
              responsável que analisou a proposta, e apesar da forte oposição dos
              comerciantes da “cidade baixa”, iniciou-se a construção do mercado
              municipal. João Fróes, então ficou a cargo da construção projetada
              pelo engenheiro Frederico Gambra. Contudo, ele achou conveniente
              realizar algumas modificações no projeto edificando apenas parte do
              prédio, retirando os alicerces de pedra previstos e utilizando em seu
              lugar o travamento na base de aroeira. As alterações feitas pelo “enge-
              nheiro prático” pouparam tempo e recursos; contudo, pouco tempo
              após o término da construção, ouviu-se na cidade um ruído enorme e
              logo após uma terrível movimentação: a cobertura do mercado havia
              ido abaixo, para euforia dos comerciantes da “cidade baixa” e tamanha
              tristeza “dos de cima”.
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