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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          flores.” Fiquei sensibilizada com a delicadeza do gesto e pensei: faz
          mais de uma hora que estou aqui agoniada pela demora dessa aluna e
          nem me lembrei que aqui também estão meus avós, meu pai e irmãos.
          Nesse instante me apareceu a aluna com suas desculpas, me despedi
          do meu amigo, que se disse surpreso com a dedicação dessa professo-
          ra, que não teria obrigação de acompanhar essa coleta de dados para
          a pesquisa. Nos despedimos ali. Eu orientei uma apressada sessão de
          fotos para não perder o resto da luz da tarde e ainda encontrei tempo
          para uma oração pelos meus parentes, que como dizia Dr. João Vale
          Maurício: “Cada dia mais amigos e parentes vão se mudando para lá”.
               Hoje, tanto tempo depois desse encontro, senti vontade de falar
          de Haroldo Lívio, o personagem, que conheci pessoalmente depois de
          ler suas crônicas nos jornais e também o seu ótimo livro, da mesma
          forma que conheci outra grande amiga, Ruth Tupinambá Graça, de
          quem também me despedi meses atrás, primeiro me encantei pela
          obra: “Montes Claros era assim...” e depois conheci sua doce autora
          e nos tornamos grandes amigas, acredito que pelo amor a Montes
          Claros, com Haroldo Lívio foi parecido.
               Eu estava trabalhando na Secretaria de Cultura com a incum-
          bência de ajudar o Secretário João Rodrigues a pensar os festejos do
          Sesquicentenário de Montes Claros, que aconteceria naquele ano de
          2007. Haroldo também fazia parte da comissão. Conversando sobre
          obras de autores locais que mereciam uma reedição, apresentei o pro-
          jeto de uma coleção, ele me ajudou muito a realizar esse meu sonho,
          inclusive a conseguir os direitos autorais gratuitamente junto às famí-
          lias dos autores.
               Haroldo sempre passava pela minha sala que ficava no andar
          superior do Casarão dos Mendes, ao lado do Centro Cultural. Numa
          tarde ele me entregou um envelope com um exemplar do seu livro
          “Nelson, o personagem”, mas não pediu que eu o incluísse na coleção
          que ia tomando forma. Eu então reli o livro e achei que suas crônicas
          fechariam bem a sonhada coleção, já que vários dos autores homena-

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