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Marta Verônica Vasconcelos Leite
Cadeira N. 17
Patrono: Augusto de Saint Hilaire
LIRISMO FÚNEBRE
o reler a crônica “Lirismo Fúnebre” da obra “Nelson, o perso-
nagem”, de Haroldo Lívio – Coleção Sesquicentenária – Uni-
Amontes (2007, p. 49-52), me lembrei de que a última vez que
me encontrei com o autor foi justamente no Cemitério do Bonfim,
aqui em Montes Claros. Eu estava parada na quadra principal em
frente ao túmulo da Família Athayde, era um sábado, tarde ensolara-
da, lá pelas 17 horas, quando me apareceu Haroldo Lívio, com um
vaso de flores vermelhas nas mãos. Surpreso com a minha presença
naquele local e naquele horário, foi logo me perguntando: “O que
você está fazendo aqui?” E eu: “Trabalhando!”. Ele: “Eu não sabia que
você trabalhava aqui.” Rimos muito e tratei de esclarecer: “Estou aqui
esperando uma orientanda do Curso de História, que está escrevendo
sua monografia sobre a arte tumular e sobre as diferenças sociais re-
fletidas também entre os mortos”, mas como até aquela hora ela não
havia aparecido, eu já estava desistindo. Perguntei então para quem
seria aquelas flores vermelhas e ele emocionado respondeu: “Hoje é
o aniversário da minha mãe, quis trazer esse presente. Ela gostava de
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