Page 91 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
nio Moreira Neto, do quadro de oficiais da reserva da Polícia
Militar, residente em Montes Claros, que participou efetiva-
mente daquela campanha como Tenente, a quem fizemos as
perguntas que se seguem:
1 – Como se explica a aparente normalidade da
ordem pública registrada nos boletins diários do Bata-
lhão, até mesmo no dia 31 de março de 1964?
Respondeu que as informações sobre o emprego da
tropa eram sigilosas. A normalidade era apenas aparente,
“de fachada”, pois a Unidade já se encontrava “de pronti-
dão”, preparada inclusive para deslocamentos. Naquela
data, já à noite, com o seu pelotão, participou da requisição
dos caminhões junto ao DNOCS. Disse que o diretor da-
quele órgão, à época, alegou que não poderia ceder os ca-
minhões, razão porque foram requisitados à força, em nú-
mero de doze unidades, com alguns motoristas incluídos.
2 – Como foi o deslocamento da tropa até Paracatu?
A saída de Montes Claros foi por volta de 03h00 da
madrugada do dia 01 de abril, chegando a Paracatu ao
meio-dia, em jornada ininterrupta, passando pela cidade
de Pirapora, por estradas de terra, até alcançar a rodovia
que liga Belo Horizonte a Brasília. Naquela cidade, o Ba-
talhão parou para alimentar tropa e preparar para o ata-
que, já que o objetivo inicial era a retomada da ponte so-
bre o rio São Marcos, na divisa de Minas Gerais com Goi-
ás, que já se encontrava ocupada por tropas do Batalhão
da Guarda Presidencial. O confronto só não ocorreu por-
que o Exército já havia aderido ao Movimento e desocu-
pado a área. O pelotão sob seu comando recebeu a missão
de vanguarda e reconhecimento do terreno, tendo ali en-
contrado, ainda recentes, as marcas de calçados e pneus
deixadas pelos ocupantes que se retiraram. Ainda em Pa-
racatu foi integrada ao 10º Batalhão uma Companhia do
7º BI, da cidade de Bom Despacho. Foi ali também que o
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