Page 123 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

                    mércio, além de se considerar que a cidade cresceu e tam-
                    bém aumentou o número de visitantes e os festeiros já não
                    têm condições de custear grandes banquetes e um núme-
                    ro tão grande de pessoas, deste modo,

                            na atualidade vertiginosa em que vivemos, não mais se reveste do
                            brilho e animação dos tempos das “vacas gordas”, em que os
                            festeiros ofertavam a todo mundo banquetes grandiosos, regados
                            com muita bebida... e mesmo os catopês estão aos poucos desa-
                            parecendo. Os seus tempos áureos, em que participavam o gene-
                            ral Gonçalo Preto, capitão Camilo, tenente Manuel Urubu, capitão
                            João Tomás, general Dodô, comandante do terno de São Benedito.
                            Existe ainda um pequeno grupo que a prefeitura ajuda apenas
                            para o sustento da tradição, porém, sem graça e o entusiasmo dos
                            velhos antecessores. Os atuais catopês são apenas um arremedo
                            dos primitivos. 10

                         Através dessas falas, podemos perceber que a festa
                    foi se modificando e adquirindo novos contornos. Dentre
                    eles também podemos citar o fato de que os catopês já não
                    vão mais buscar os membros da corte em suas casas. Onde
                    eles alegam que isto se deu por causa de padre que recla-
                    mava do atraso das missas e proibiu esta busca. E ainda
                    de acordo com a ex-vereadora e ex-secretária de cultura
                    do município, foram introduzidos novos elementos e ou-
                    tros foram retirados.

                            O imperador do Divino era sorteado entre os homens de melhores
                            posses do município e não havia imperatriz. Realizavam-se sem-
                            pre por volta do meio dia na Igreja de São Gonçalo, onde o povo se
                            reunia para saber quem era o imperador do Divino do ano seguin-
                            te. Os festeiros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito não
                            eram sorteados, aqueles que o desejassem se apresentavam es-
                            pontaneamente. Nesses reinados havia príncipes, princesas, du-
                            ques, duquesas, juízes e juízas... os catopês levavam o reinado até
                            a porta da igreja e voltavam à casa o festeiro para almoçar. E
                            passavam a se reunir a partir do dia 13 de maio, todos os sábados
                            na casa do festeiro, até o dia da festa. 11

                         E já pelos motivos citados acima, principalmente os
                    de ordem econômica, parte dessa realidade se modificou,
                    considerando que o número de catopês reduziu e os fes-


                    1 Arquivo Pessoal de Ana Valda Vasconcelos.
                    2 SILVEIRA. Minha terra e nossa história. p.262.
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