Page 128 - INSTITUTO HISTÓRICO VOL XI
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

              rais a fora. Em segundas núpcias, Antônio da Silva Maia,
              casou-se com Rita de Medeiros, filha do Barão de Jequitaí.
              A família Maia II origina-se de aí e depois se ramifica para
              Montes Claros. Domitília Maia casou-se com Jacinto Ve-
              loso, iniciando-se a ligação entre as famílias Veloso e Maia.
              Volto às raízes, pela atração que sinto pelo garimpo, pelos
              engenhos, pela vida do campo, pelas atividades rurais,
              principalmente as ligadas a terra, ao plantio e a criação
              de animais. O campo não sai da nossa vida por mais que a
              gente procure a cidade grande, leva na sua bagagem a
              origem rural.
                    O ar do campo, a chuva que cai devagar ou forte, o
              pássaro que canta, o rio que corre, as nuvens que formam
              figuras no céu, a viola que corta a noite escura com seus
              gemidos, a alegria e a tristeza do caboclo moram no meu
              coração... Gosto das coisas simples, dos dias de sol, da
              chuva, da lua cheia, do vento, das matas fechadas, e da
              vida do sertão!
                    Quem foi o Barão de Jequitaí? Foi um ancestral que
              morou no campo, adquiriu um título na corte, fez do seu
              garimpo a sua vida e a sua riqueza. Acumulou terras, re-
              ses, casas, brilhantes dos rios que os cercavam! A pedra
              preciosa era a cobiça de muitos que iam vendê-la na corte,
              montados no burro e levada dentro do embornal (bolsa de
              pano)... O brilho das pedras fascinou e levou muitos a
              morte...
                    Ao olhar o brilhante no meu dedo, o meu pensa-
              mento vai ao longe e vejo toda a trajetória que o trouxe a
              mim, os caminhos que percorreu e os percalços do cami-
              nho! Vejo o uniforme do Barão, o seu bigode, colete, cha-
              péu e botinas, sentado na varanda esperando os homens
              voltarem do garimpo... Os olhos brilhantes e faiscantes com
              a pedra alegram-se com o colono que as trazem junto à
              lama e a solidão do sertão! Quanto sacrifício para achar
              uma pedra e quantas vidas custou no passado!
                    A pedra branca e faiscante brilha indiferente aos

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