Page 74 - Instituto Histórico Vol.VIII
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o comércio e possibilitou o progresso industrial. E foram os bur-
gueses, comerciantes das cidades, que, ao ruir a estrutura feudal,
subvencionaram as enfraquecidas casas reinantes de então para
que pudessem unificar seus domínios, fazendo surgir, assim, o
estado moderno.
Guardadas as devidas proporções de tempo e de grandeza,
a concentração humana que aqui se verificou deu a Montes Cla-
ros condições de desempenhar o papel de agente propulsor do
progresso regional.
Antônio Gonçalves Figueira, ao criar a Fazenda dos Montes
Claros, nos albores do Século XVIII, teve o descortínio de abrir
três importantes caminhos, como se já vaticinasse para a comu-
nidade nascente o seu destino de empório regional. Um destes
caminhos dirigia-se para Matias Cardoso, às margens do Rio São
Francisco. O outro, a chamada estrada baiana, passava por Rio
Pardo e atingia Tranqueiras, na Bahia, e daí o Nordeste. E a estra-
da para Pitangui, que a meio caminho se bifurcava para as regiões
dos garimpos.
Antes, em fins do Séc. XVII, o Mestre-de-Campo Antônio
Guedes de Brito estabelecera os alicerces econômicos da região,
criando os célebres CURRAIS DE GADO, nos vales do Rio São
Francisco e de seus afluentes, Rio Verde Grande, Gorutuba, Rio
das Velhas e outros, passando a região a ser conhecida como
SERTÃO DOS CURRAIS DE GADO. Na esteira do boi, trazido
pelo Capitão Guedes de Brito, veio o algodão, para vestir o va-
queiro e suplementar a alimentação dos rebanhos. Definindo-se,
desde então, na pecuária e na cotonicultura, a vocação econômi-
ca da região.
A posição geográfica de Montes Claros, a meio caminho en-
tre o sertão alto e as zonas de garimpo e o Sul, tornou a povoação
um ponto de encontro mais acessível para todos, transformando-
-a desde logo no centro comercial mais movimentado da região.
O naturalista francês August Saint-Hilaire, ao passar por
aqui em 1817, realizando viagem de estudos ordenada pela Co-
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