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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          o comércio e possibilitou o progresso industrial. E foram os bur-
          gueses, comerciantes das cidades, que, ao ruir a estrutura feudal,
          subvencionaram as enfraquecidas casas reinantes de então para
          que pudessem unificar seus domínios, fazendo surgir, assim, o
          estado moderno.

               Guardadas as devidas proporções de tempo e de grandeza,
          a concentração humana que aqui se verificou deu a Montes Cla-
          ros condições de desempenhar o papel de agente propulsor do
          progresso regional.

               Antônio Gonçalves Figueira, ao criar a Fazenda dos Montes
          Claros, nos albores do Século XVIII, teve o descortínio de abrir
          três importantes caminhos, como se já vaticinasse para a comu-
          nidade nascente o seu destino de empório regional. Um destes
          caminhos dirigia-se para Matias Cardoso, às margens do Rio São
          Francisco. O outro, a chamada estrada baiana, passava por Rio
          Pardo e atingia Tranqueiras, na Bahia, e daí o Nordeste. E a estra-
          da para Pitangui, que a meio caminho se bifurcava para as regiões
          dos garimpos.

               Antes, em fins do Séc. XVII, o Mestre-de-Campo Antônio
          Guedes de Brito estabelecera os alicerces econômicos da região,
          criando os célebres CURRAIS DE GADO, nos vales do Rio São
          Francisco e de seus afluentes, Rio Verde Grande, Gorutuba, Rio
          das  Velhas  e outros,  passando  a  região  a  ser  conhecida  como
          SERTÃO DOS CURRAIS DE GADO. Na esteira do boi, trazido
          pelo Capitão Guedes de Brito, veio o algodão, para vestir o va-
          queiro e suplementar a alimentação dos rebanhos. Definindo-se,
          desde então, na pecuária e na cotonicultura, a vocação econômi-
          ca da região.

               A posição geográfica de Montes Claros, a meio caminho en-
          tre o sertão alto e as zonas de garimpo e o Sul, tornou a povoação
          um ponto de encontro mais acessível para todos, transformando-
          -a desde logo no centro comercial mais movimentado da região.

               O naturalista  francês  August  Saint-Hilaire,  ao  passar  por
          aqui em 1817, realizando viagem de estudos ordenada pela Co-

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