Page 60 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Depois de tudo resolvido e os animais prontos, postados na
frente de suas respectivas estacas, Dominguinho dava o aviso de
partida com o manejo e o soar das argolas penduradas nas tacas.
A madrinha tomava a iniciativa da marcha com som harmonio-
so dos guizos e chocalhos do peitoral. Atrás dela, enfileiravam
os demais animais nas suas rígidas posições e, atrás do “Passo
Preto”, caminhavam os tropeiros a passos largos. Então, estava
começando uma nova caminhada e tudo se repetia.
Seguindo os costumes, eu montava o meu cavalo alazão e,
mantendo pouca distância atrás, acompanhava o comboio des-
pedindo com acenos amigos do povo hospitaleiro que assistia a
nossa partida, com gestos de agradecimento. Talvez, como sinal
de gratidão pela nossa participação na sua comunidade, suprindo
de mantimentos suas poucas “vendas” para abastecimento de seu
povo simples e isolado e, ao mesmo tempo, transportando seus
produtos para comercialização.
Os meios de transportes daquela época para cargas, eram os
carros de bois e as tropas de burros e, para montaria, os cavalos
amestrados. As estradas eram poucas e precárias e os veículos de
transportes, raros.
Contudo, sinto saudades indeléveis daquelas aventuras e
daqueles tempos difíceis, de coisas rústicas e de vida simples.
Passagens que conto, com mais detalhes, no livro “Experiências
de uma Vida”.
“Tudo na vida é passageiro assim como a própria vida, tanto
as tristezas como também as alegrias”.
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