Page 42 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          formou a face da cultura da terra, enriquecendo-a de forma ilimi-
          tada. Outras mais aí estão para nos encher de orgulho, algumas
          com longevidade acima dos 80 anos e com operosidade e ânimo
          tão pulsantes que fazem inveja a qualquer jovem, por exemplo, a
          D. Yvonne de Oliveira Silveira presidente da Academia Montes-
          -Clarense de Letras, cujo vigor e inteligência desafiam os limites
          do tempo. Dentre estas, hoje escolho destacar uma figura muito
          original e muito amada pelos montes-clarenses. Trata-se da por-
          tuguesa/brasileira mais montes-clarense de que temos notícia, a
          D. Maria  Fernanda Reis Monteiro de Brito Ramos, nossa querida
          Fernanda Ramos. O que eu só vim, a saber, recentemente é que
          ela é nascida no Brasil, exatamente em Friburgo no Rio de Janei-
          ro, de mãe brasileira, alta funcionária da embaixada portuguesa
          e pai português que chegou a general lá no país que descobriu o
          Brasil. Mudou-se para Portugal na mais tenra infância, sendo re-
          gistrada como portuguesa vindo a acumular dupla nacionalidade
          já que tinha sido primeiramente registrada no Brasil. Em Portugal,
          ficou órfã de mãe aos 8 anos de idade, sendo criada, junto aos
          irmãos  pelo  pai  e  pela  avó  materna  que  se  radicou  definitiva-
          mente em Portugal. Formou-se em engenharia no ano de 1948,
          na famosa Universidade de Coimbra, aquela mesma para a qual,
          os brasileiros mais abastados mandavam os filhos em busca do
          saber e competência nos tempos da colônia. Quando a vi pela
          primeira vez, eu ainda era criança. A Casa Ramos, primeira loja
          de departamentos de Montes Claros, que ocupava a frente inteira
          do quarteirão mais movimentado do centro comercial, enchia os
          meus olhos de admiração e curiosidade.

               Com 2 andares, no interior arquitetura tipo mezanino, havia
          departamentos organizados para diferentes tipos de mercadorias,
          num tempo em que o comércio da cidade se constituía de armari-
          nhos. Lá dentro, invariavelmente encontrava-se D. Fernanda com
          o seu sorriso encantador, seu cabelo liso, quase sempre vestida
          com uma bata de gravidez. Foram nove filhos em poucos anos de
          casada, pois ficou viúva com 37 anos de idade.
               Eu gostava de ouvir a sua pronuncia rápida das palavras,
          bem aportuguesada, às vezes, ininteligível para mim. Desde en-

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