Page 47 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
um posto de passagem da Estrada Real, onde os viajantes para-
vam para dar água aos animais, fazerem um pequeno descanso
ou mesmo pernoitarem. Vindos do Tejuco atravessavam o largo
da Matriz de Nossa Senhora e São José, hoje praça Dr.Chaves e
seguiam rumo ao Cedro, depois Veados – hoje Nova Esperança
-, de lá seguiam até as margens do Rio São Francisco. Na Obra
Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o na-
turalista francês Auguste de Saint-Hilaire registrou com detalhes
essa passagem em viagem pelo sertão em 1817:
Após deixar Formigas, atravessei as matas despojadas de
vegetação, por onde passei para ir ver a salitreira de que dei a
descrição no penúltimo capítulo... Caminhara légua e meia pelas
catingas de que acabo de falar, quando o terreno mudou: adqui-
riu uma cor avermelhada e a vegetação se modificou com ele. As
catingas sucederam gramíneas salpicadas de árvores tortuosas e
enfezadas...
Fiz alto em um grupo de pobres casinhas onde a terra, que
se destacava das paredes, deixava penetrar por todos os lados a
luz, o vento e o pó. Ali fui recebido por bons lavradores, ingênu-
os, acanhados, porém, que mau grado sua indigência, nada qui-
zeram aceitar pela minha alimentação (SAINT-HILAIRE, 2000,
p.329).
Esse importante relato fala exatamente do trecho entre For-
migas – hoje Montes Claros -, seguindo em direção a Nova Espe-
rança, indo a Contendas - hoje Brasília de Minas - e de lá até o Rio
São Francisco. A Malhada de tantos relatos dos antigos tropeiros
da região, só muitas décadas depois da passagem de Saint-Hilaire,
recebeu os primeiros habitantes fixos que foram se acomodando
ao longo da estrada – que atualmente consiste na rua Geraldi-
no Machado - iniciando ali pequenos comércios. A partir daí, as
terras seriam cultivadas em pequenas fazendas e chácaras. Essa
ocupação trouxe muitos outros trabalhadores rurais para o local.
Esses trabalhadores vieram em busca de melhores condições de
vida.
Sob a liderança do místico Pedro Xavier Mendonça, que
herdou as terras do sogro Teófilo Martins de Freitas, filho de tradi-
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