Page 112 - Instituto Histórico Vol.VIII
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Marina Queiroz, que era a Glamour Girl de Montes Claros, teve
o privilégio de sentar-se à mesa ao lado de Juscelino, junto com
Raimundo e Terezinha Tourinho. A título de curiosidade, registro
uma particularidade de JK. Ele tinha o hábito de, ao aproveitar da
toalha para encobrir sua mania de tirar os sapatos, ficando apenas
de meias. Quando ia dançar, discretamente puxava uma calça-
deira do bolso e providenciava o retorno dos sapatos a seus pés.
Depois, voltei a receber Juscelino Kubitschek numa recepção que
organizei quando Moacir Lopes era prefeito. Ele e sua esposa Déa
Dias Lopes, moravam num sítio belíssimo, na Vargem Grande,
que pertencera a Joaquim Costa. E ali promovi uma recepção em
homenagem a JK, com a participação do Grupo de Seresta João
Chaves, do inesquecível historiador Hermes de Paula, ali presen-
te. Juscelino chegou muito contente, e se disse impressionado
com Clarice Maciel, de voz límpida e bela. Ressaltou também sua
beleza, dizendo que ela se parecia com uma Madona da era re-
nascentista. Encantado, JK participou da seresta, cantando com o
grupo, Peixe Vivo e Amo-te Muito, do nosso inesquecível poeta e
seresteiro João Chaves. Juscelino gostava muito de seresta e teceu
os melhores elogios ao grupo “João Chaves”, que era famoso em
todo país, pois foi através dele que nós conseguimos asfalto para
a região. O grupo de seresta também funcionava como verdadei-
ro embaixador da nossa terra. As nossas estradas eram de terra
batida, inclusive a Montes Claros – BH. Numa apresentação em
Brasília, nosso seresteiro-mor, Nivaldo Maciel, fez, em versos o
pedido de asfalto para a nossa terra ao ministro dos Transportes,
Mário Andreazza e ao presidente Costa e Silva. Graças ao grupo
e ao impressionante vozeirão de Nivaldo, a BR 135 foi finalmente
asfaltada. Depois que Juscelino Kubitschek veio a Montes Claros
pela última vez nós o perdemos para sempre num desastre de
automóvel, em 1976. Até hoje, uma incógnita: ninguém sabe se
o nosso maior presidente foi assassinado em sabotagem ou foi ví-
tima de um simples acidente. Seu enterro comoveu o país, tendo
Brasília lhe prestado uma gigantesca homenagem, que balançou
os alicerces da ditadura.
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