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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
 do 2º ao 4º ano, quando fui colega de Milena Narciso e de Maria de   caixão mais barato da funerária. Seu epitáfio foi escolhido tempos
 Lourdes Lopes. Era bastante rigorosa, e não permitia murmúrios ou   antes e diz assim: “Pai, em vossas mãos, entrego meu espírito”.
 cochichos. Chegava a dar com a régua nos braços das moças. Apenas   “Passado! Folhas mortas tombadas no chão, calendário velho
 ela escrevia no quadro. Todos copiavam calados, e depois das explica-  marcando datas tristes; ruínas de um poema dolorido, violinos derra-
 ções, era dado o dever de casa. Ela corrigia e comentava os melhores   mando arpejos na vastidão do luar...” (Eponina Pimenta)
 trabalhos, geralmente dos rapazes. Em sua homenagem criei o Espaço
 Cultural Eponina Pimenta, que funcionava numa sala do IPSEMG,
 na Avenida Cula Mangabeira, em Montes Claros, no qual tinha uma
 fotografia dela. Não sei se ainda permanece lá. Após me formar, escre-
 via para ela, ficando amigo e correspondente. Costumava me consul-
 tar a respeito das suas dúvidas na área do Direito. Fazia petições em
 favor dela. Guardei por alguns anos as respostas dessas cartas antigas,
 mas não as tenho mais. Afora as cartas, nunca vi coisas escritas pela
 Mestra Eponina”.
 Diz Félix: “Tive uma educação esmerada, bem diferenciada
 para a época, graças à Mãe Eponina, que era enérgica, e sei que tudo
 aquilo foi para o meu bem. Devo a ela ter aprendido a valorizar e a me
 dedicar inteiramente à família.”
 Eponina Pimenta faleceu aos 83 anos em 18 de abril de 1978,
 há quarenta anos, portanto, após uma segunda fratura no fêmur e de
 ter ficado acamada durante dez anos. Na primeira queda e fratura, um
 menino se esbarrou nela na rua, fazendo-a cair. Tinha 73 anos e foi
 operada em Belo Horizonte no Hospital Sara Kubitscheck. Voltou de
 táxi aéreo e ficou andando de bengala. Posteriormente caiu dentro do
 quarto e se entregou. Não quis ser operada novamente. Durante sua
 longa enfermidade, ficava quieta na cama, e quase não falava. Na casa
 do filho, preferiu ficar no quarto de empregada, com banheiro, na   Eponina Pimenta de Carvalho
 companhia de Maria, empregada da família, que atuou como enfer-
 meira e a assistiu até o fim. Com o tempo, por estar acamada, acabou
 apresentando escaras. Recebia visitas frequentes do médico Dr. Fran-  Biografia baseada nos relatos e memórias de Félix Alexandre Pimenta de Carvalho,
 cisco Almir Pires, um amigo que cuidava dela. Ainda que bastante   Fabíola Pimenta de Carvalho, Angelina Veloso e Mário Genival Tourinho, tomados em
 constrangido, o filho Félix cumpriu o seu pedido de ser enterrada no   2015.

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