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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros  Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
 Às vezes a professora viajava à Belo Horizonte para visitar ami-  Depois do Colégio Salesiano Dom Bosco, Eponina continuou
 gas, assim como as recebia para um chá, em sua casa. Eram pessoas   a mostrar cuidados extremos na educação de Félix, que foi fazer o
 próximas e confidentes como Dona Tiburtina, Dona Marieta e Dona   científico e morar em Belo Horizonte no Colégio Santo Agostinho.
 Inhá Pimenta, que vinham tomar licor de pequi com biscoitos, en-  Depois se mudou para Viçosa, indo estudar Agronomia, pelo fato de
 contros dos quais sua mãe Dona Nazinha também participava. Re-  gostar da Matemática e para ajudar o pai João Antônio na fazenda.
 cebia as visitas de Padre Marcos e depois de Padre Dudu, que foram   Com mais 34 pessoas, em 1955, formou-se agrônomo.
 párocos da Igreja do Rosário, e apareciam após a missa para um café.   Eponina cuidou da mãe dela como enfermeira, durante muitos
 Também a visitavam Dr. João Vale Maurício e José Maria Pimenta.   anos, pois Dona Nazinha ficou inválida. Deitada, não falava e se ex-
 Apreciava a música clássica e Chopin, sabia Francês e tocava   pressava apenas com o olhar e sorrisos. Nesses cuidados contava com
 bem o piano. Cantava hinos de louvor a Nossa Senhora. O rádio era   a ajuda do sobrinho, Geraldo Pimenta.
 para ouvir o noticiário e música erudita. Praticamente, só cantava na   Félix era namorador e Eponina não tolerava namorada alguma,
 igreja, e participava de festas religiosas para trabalhar, assim como fre-  mas gostou da moça escolhida por ele para se casar, Elvira Auxilia-
 quentava procissões, barraquinhas e novenas. Catequizava crianças no   dora Castro de Carvalho, conhecida como Dorinha, com a qual teve
 Bairro Santos Reis, o qual frequentava todos os domingos, levando o   seis filhos: Maria Lúcia Pimenta Alves, Fabíola Pimenta de Carvalho,
 filho Félix à igreja construída por Pedro Mendonça. Também ia à casa   Maria de Lourdes Pimenta Guimarães, Félix Alexandre Pimenta de
 de Padre Dudu e fez parte das “Mães de Maria”.  Carvalho Júnior (falecido em acidente de carro), Jacqueline Pimenta

 Proporcionou ao filho conforto e todas as possibilidades de cres-  de Carvalho e Eduardo Pimenta de Carvalho, os quais lhes deram 16
 cimento intelectual. Entre doze para treze anos Félix foi estudar como   netos e estes, até agora, oito bisnetos.
 interno no Colégio Salesiano Dom Bosco, em Cachoeiro do Campo,   Moralista, excessivamente austera e inflexível, Eponina morava
 perto de Ouro Preto. Foi em 1943, e morou lá durante quatro anos,   com o filho, e não aceitava os namoros das netas na varanda, e, quan-
 período correspondente ao antigo Ginásio. Só vinha a Montes Claros   do contrariada, bradava com a bengala.
 nas férias, devido à dificuldade em viajar naquele tempo. Na primeira
 viagem, Eponina o levou de trem, deixando-o na casa de uma amiga,   Seu  ex-aluno  e correspondente,  o advogado  Mário  Genival
 Florinda. Voltou chorando, mas manteve a palavra. Não devia ser   Tourinho se recorda: “Eu a chamava de Mestra Eponina, nossa pro-
 colégio caro, pois sua mãe era professora do Estado, e ganhava pouco,   fessora de Matemática no Ginásio, num respeito impressionante. Era
 mas se esmerava para dar o máximo a Félix.  uma mulher de estatura alta para a época, corpulenta, na casa dos 50,
              55 anos, quando eu a conheci. Tinha pele e olhos claros. Vestia-se de
 Não era muito voltada às artes culinárias, ainda que fizesse   forma discreta, saia comprida, mangas e gola alta. Era uma grande
 manteiga muito bem e suas compotas doces fossem muito elogiadas.   professora, muito competente e respeitada, e que se dava melhor com
 Sempre teve boa empregada que a auxiliava nos cuidados com o filho,   os rapazes do que com as moças, com as quais era mais severa. Con-
 quando estava lecionando. Ainda cuidava de uma grande horta nos   siderava que eles eram mais disciplinados do que elas. Fui seu aluno
 fundos do quintal.
              no Ginásio Municipal, (depois Colégio Diocesano), a partir de 1949,

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