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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
Muito anos depois, sentado à mesa, descascando uma laranja
com garfo e faca, dividindo-a em gomos cuidadosamente separados,
essas lições far-se-iam notar. À mesa e na vida, Jayme Rebello distin-
guir-se-ia pela sobriedade, pelo comedimento e pela parcimônia. As
últimas palavras que ouvira da mãe ainda ecoariam por algum tempo,
enquanto o navio se distanciava da costa portuguesa: “Nunca mais
tornarei a vê-lo...”. Essa fora a sua despedida.
Com o fim do tráfico dos escravos, adveio uma carência de
mão-de-obra no Brasil. Por aqui expandiam-se as plantações de café,
que careciam de trabalhadores. Houve, então, por parte do governo
brasileiro, um processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo
trabalho assalariado de imigrantes europeus. Entre tais imigrantes, a
maior leva foi de portugueses.
A partir da metade do século XIX, a imigração portuguesa
no Brasil tomou caráter quase que exclusivamente urbano. O perfil
do imigrante português também se alterou: em séculos anteriores, a
maioria era composta por homens solteiros. A partir do final do sé-
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