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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
precioso da convivência humana. Por isso, não será exagero dizer que,
quando as intervenções humanas recaírem sobre recursos naturais,
não devam predominar os interesses de grupos econômicos que ar-
rasam irracionalmente as fontes de vida, em prejuízo da coletividade.
As gerações que nos sucederão têm direito a receber um ambiente
saudável e habitável.
O principal problema é que a água doce dos nossos rios e nas-
centes, recurso natural em declínio, tornou uma mercadoria aos olhos
de empresários, com ampla utilização em propriedades privadas para
a exploração do agronegócio, além das atividades industriais, minerais
e florestais, que produzem injustiça social e destroem o meio ambien-
te. O desafio agora é o de construir uma justiça ambiental, para a pre-
servação dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais capazes
de manter o meio ambiente respeitado.
As crescentes atividades humanas na superfície do terreno de
nossas florestas vêm causando intensa compactação impedindo a
natural infiltração das águas das chuvas no solo. Nas áreas urbanas,
devido os crescentes selamentos das superfícies por uso de argamas-
sas de concreto, asfalto e outros tipos de calçamentos, atingem áreas
incalculáveis, totalmente encobertas por esses impermeabilizantes su-
perficiais. Com isso, as águas pluviais estão sendo impedidas de che-
gar a um dos seus principais destinos naturais que são os aquíferos
subterrâneos.
Esses selamentos são os responsáveis pelos aniquilamentos das
nascentes que alimentam os riachos, rios e represas (barragens) du-
rante o período de estiagem. Dessa forma, todas as nascentes, riachos,
rios e represas, por maior que sejam os índices pluviométricos, estarão
fadados ao colapso durante o verão.
As ações governamentais visando proteger as margens dos la-
gos, rios e o entorno das nascentes têm grande valor e deverão prosse-
guir, porém por si só essas ações não possuem abrangência suficiente
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